“Pior é a causa que o caso.”
Padre Antonio Vieira
(Sermão da Primeira Dominga do Advento)
São João del-Rei. Início do século passado. Num sobrado centenário, Dona Flauzina Moreira de Andrade, avó do doutor Eliseu Roberto de Andrade Alves, fundador e construtor da Embrapa, ensinava com sabedoria. Seu neto, ainda criança, muito observador, se admirava com os urubus pousados nas cumeeiras dos telhados, asas estendidas ao sol, após a chuva.
“— O que eles estão fazendo, avó? — Estão fazendo promessa! — Promessa do quê, avó? — De construir uma casinha para não se molhar mais na próxima chuva. — Ah é, avó! — Sim. Mas depois… eles esquecem.”
Até hoje, os urubus na política prometem e esquecem. No momento de desgraça, alagamentos e deslizamentos, dos impactos das chuvas, em quem construiu ou se instalou onde não deveria, autoridades culpam o clima (elas mesmas, nunca!) e prometem muita coisa. Alguns meses e esquecem as promessas. Passadas as eleições… os urubus esquecem.
Grave é quando insistem em reiterar erros passados. Como a atual tentativa do governo federal de importar arroz. A medida não se justifica. Dados da própria Conab contrariam a importação: a safra colhida é superior à do ano passado. O preço está em queda. Não houve nem haverá falta de arroz. A importação causará desestímulo à produção no Brasil e prejuízos aos rizicultores, sobretudo aos gaúchos, neste momento de catástrofe.
A colheita da safra de arroz 2023/2024 está praticamente concluída. A produção nacional será da ordem de 10,5 milhões de toneladas. Ela supera a do ano anterior. O Rio Grande do Sul concluiu uma safra de 7,15 milhões de toneladas. Apenas 1% inferior à do ano passado. O preço está caindo, e o Brasil exportou mais de 100 mil toneladas de arroz em maio!
Ainda assim houve leilão da Conab. Resultado: um mar de irregularidades, suspeitas de corrupção, anulação, TCU, demissões e provável abertura de uma CPI. Ainda assim insistem em novo um leilão para importar arroz. Os dados da safra de arroz do IBGE e da Conab são argumento imbatível contra a importação. A obsessão do governo federal é distribuir arroz a preço subsidiado pelo pagador de impostos, para auferir lucro político e eleitoreiro? Per fare la bella figura.
Sobre tudo isso, urubus de toga, tão ativos em outros tempos quando questionavam e oficiavam quase cotidianamente o Executivo, agora, diante de tamanho absurdo, nada têm a dizer?
Há décadas, o país cresceu na produção de alimentos ao estimular os agricultores e ao abandonar importações subsidiadas. O governo erra e não pode ter a pretensão de controlar e tabelar preços de alimentos. Sabe-se o desastre das tentativas no passado. Nada disso importa aos urubus federais. Passada a tempestade, esquecem-se de tudo. Até de cumprir suas promessas e ajudar, e não prejudicar, os consumidores e os agricultores gaúchos.
O Brasil não precisa importar arroz! Nem de subterfúgios para dar vazão à corrupção, vitimar agricultores sem ajuda nessa catástrofe e arrasar ainda mais com o Rio Grande do Sul. Urubus vivem de cadáveres. Como se diz na roça: quem voa com urubu acaba comendo carniça.
Leia também: Um, dois, feijão sem arroz, artigo de Evaristo de Miranda, publicado na Edição 214 da Revista Oeste
Pois é seu Miranda, vou sair fora do script para te dizer que um dos meus genros é Miranda. Também, desculpe. aviso que postei ontem no meu facebook (ainda uso) um textinto intitulado “O arroz encrenqueiro”. Foi baseado em contatos que fiz com uma empresa de óleo de arroz e da confraria do arroz de Santo Antônio da Patrulha, ambas entidades com amigos meus. E, seguindo a minha ECO-SUSTRENTÁVEL, como antigo professor da área, recebo muitos recados de ex-alunos, hoje professores ou em cargos interessantes. Uma parente da mimha esposa mandou uma foto de uma tijelinha de arroz cozido enfeitada com dois galhos de salsa. Aí, ela colocou o texto (que é de um órgão do governo) sobre a poção ideal de arroz para uma pessoa e seu custo: R$0,30 (trinta cerntavos). E sabe de de que o arroz é um dos alimentos mais baratos no mindo! Anos atrás coordenava uma pesquisa de custo de vida da cidade. Isto un s 20 anos atrás… Pequei um bloquinho e fui fazer uma pesquisa de preços no mercado aqui próximo de casa. Sabe qiual o produto mais barato do arro? A farinha de trigo. Falei sobre a santa ignorância do Lula e seus escravos ao querer comparar um saquinho de 5 kg com outros de um quilo ou um litro. A compatividade deve ser feita, no mínimo, com o mesmo peso. E existem outros pontos, como a cadeia produtiva, etapas de industrialização, transporte, estocagem, etc. Ou seja, se é para comparar como o Lula quer, 5 kg de picanha dá mais ou menos 400,00, cerca de 15 vezes mais caro do que o saquinho de 5 kg de arroz. Se leilão resolvesse o preço do custo de vida seria a mágica mais importante em termos de ciência econômica, pois se algum produto tivesse preço alto (geralmente na antesafra) era só realizsar leilão e importar… P.S: os especialistas que aparecem na imprensa não falam dessa comparação e do preço pago ao produtor: 2,00 ao kg do arroz com casca, cotação de hoje.