Pressionado por prefeitos tucanos, Doria repensa ‘alerta vermelho’ para o ABC Paulista

Mandatários das sete cidades da região registraram descontentamento com medidas anunciadas pelo governador de São Paulo; detalhe: a maioria é do PSDB

“Galvão?”. “Diga lá, Tino.”. “Sentiu!”. O tradicional diálogo entre o repórter Tino Marcos e o narrador Galvão Bueno, tão relembrado em memes, pode ser utilizado agora para explicar a mais recente decisão de João Doria em relação à flexibilização em determinadas localidades do Estado em meio à pandemia do novo coronavírus. É possível afirmar que o governador sentiu hoje a pressão imposta pelos prefeitos que administram os municípios que formam a sub-região conhecida como ABC Paulista.

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O descontentamento de prefeitos do ABC Paulista com Doria veio a público ontem. Primeiramente, o mandatário de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, não poupou palavras para reclamar do tratamento dispensado pelo ex-apresentador de talk show à região. Conforme noticiou Oeste, Morando falou em “injustiça”. Em vídeo divulgado ontem, ele, que também é do PSDB, ressaltou ser “aliado, não alienado”.

Assista ao vídeo:

Morando, entretanto, não ficou sozinho nas críticas a Doria. Nesse sentido, Oeste registrou que o são-bernardense recebeu, posteriormente, apoio dos seis prefeitos da região. Ainda na quinta-feira 28 o Consórcio Intermunicipal Grande ABC divulgou nota pontuando “surpresa e indignação” com a “quarentena inteligente” propagada pelo governador. Segundo os prefeitos do ABC Paulista, de inteligente a nova fase do confinamento imposto no Estado não tem nada. Entre outros pontos, eles questionaram o fato de a cidade de São Paulo — que lidera o número de mortes por covid-19 no país — ter uma perspectiva de flexibilização no comércio maior do que os sete municípios em questão.

Detalhe: 4 dos 7 prefeitos do ABC Paulista são do PSDB, o mesmo partido de João Doria

Pressão oficial

A postura dos prefeitos do ABC Paulista, contudo, não se resumiu à nota em que se demostraram surpresos e indignados. Horas depois do primeiro comunicado, o movimento que representa os mandatários protocolou proposta para o governo estadual reconsiderar as medidas de flexibilização para as sete cidades da região: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. O documento foi entregue pessoalmente ao secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, no Palácio dos Bandeirantes.

“O documento ressalta que a Região Metropolitana de São Paulo é dividida em seis diferentes Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRAS), sendo uma delas correspondente ao Grande ABC. A proposta do Consórcio ABC pleiteia a transição das sete cidades para o mesmo grau da capital na nova fase do plano de retomada econômica do Estado”, avisa, dessa forma e com essas palavras, os prefeitos do ABC Paulista. Eles reforçam, todavia, que a capital teve tratamento diferenciado. A saber: num primeiro momento da “quarentena inteligente”, os municípios da região entrariam no chamado “alerta vermelho”.

Hoje, Doria demonstrou que, sim, sentiu a pressão vinda do ABC Paulista. Em coletiva de imprensa, ele anunciou mudanças na organização de toda a Região Metropolitana de São Paulo nos trabalhos que visam o combate à proliferação do novo coronavírus. Sem dar muitos detalhes, o tucano avisou que a localidade passará a ser estudada em seis divisões no âmbito da covid-19, sendo uma delas o ABC. Cada uma terá ações diferentes visando a reabertura gradual das atividades econômicas — exatamente conforme solicitaram os prefeitos do ABC do Paulista.

A divisão da Grande SP

Conforme anunciado pelo governador João Doria, a divisão da Região Metropolitana de São Paulo no combate à covid-19 passa a ser a seguinte:

• Capital;
• ABC Paulista;
• Guarulhos & Alto Tietê;
• Alto Juqueri;
• Sudoeste;
• Oeste.