As delações de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, empresário vinculado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), trouxeram novo impulso às investigações sobre a lavagem de dinheiro da facção. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
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Gritzbach, morto a tiros em 8 de novembro, no Aeroporto de Guarulhos, é agora peça-chave para os promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investigam esquema entre a facção criminosa, fintechs e o futebol brasileiro.
Desde 2018, resoluções do Conselho Monetário Nacional regulam as fintechs, com supervisão do Banco Central. Economistas e investigadores sugerem que a proliferação de fraudes bancárias e ocultação de patrimônio via fintechs evidencia a necessidade de revisão regulatória.
Câmeras de segurança do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, registraram o momento em que Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi executado nesta sexta-feira, 8. O empresário delatou esquemas de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). pic.twitter.com/woX7mMaL5J
— Revista Oeste (@revistaoeste) November 9, 2024
A Operação Concierge, deflagrada em 28 de agosto, revelou fraudes no T10 Bank, que oferecia blindagem patrimonial a clientes. Isso levantou suspeitas de envolvimento com empresas em crise financeira.
As fintechs e o envolvimento com o PCC
A UPBus, empresa de ônibus beneficiada com transferências milionárias, teria o controle de integrantes do PCC. A fintech 2 Go Bank, investigada por lançar o Banco do Torcedor, em 2023, oferecia conta-corrente, Pix e outros serviços financeiros voltados para fãs de futebol.
Na delação de Gritzbach à Corregedoria, ele afirmou que a 2 Go Bank processava cerca de R$ 30 bilhões por ano e realizava a conexão entre grandes empresas e clubes de futebol.
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O acordo também expôs Rafael Maeda, conhecido como Japa do PCC, que atuava na intermediação de transações ilícitas no futebol. Maeda teria enviado dinheiro ao traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, morto em 2021. Gritzbach era investigado pela autoria do mandado de morte de Cara Preta.
O delator afirmou, ainda, que Maeda estava envolvido em seu sequestro, junto de Claúdio Marcos de Almeida, o Django, outro integrante do PCC. “Através dessa sociedade, foram realizadas diversas operações, inclusive uma de R$ 180 milhões”, declarou Gritzbach, mencionando a participação de advogados e construtoras.
Confissões e consequências
Gritzbach confessou, em sua delação premiada, que lavava dinheiro para traficantes e relatou um desfalque de R$ 100 milhões em criptomoedas, supostamente cometido por ele e um empresário do setor de criptoativos.
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Depois da morte de Cara Preta, seus advogados teriam vendido a fintech. A morte de Gritzbach gerou uma resposta das autoridades da Segurança Pública de São Paulo, que montou uma força-tarefa com o objetivo de esclarecer o crime. As investigações miram não apenas os executores, mas também os mandantes e facilitadores da lavagem de dinheiro ilícito.