Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entraram na mira da Polícia Federal (PF). Na manhã desta sexta-feira, 20, a corporação deflagrou a Operação Última Milha. Em investigação está o suposto uso indevido do sistema de geolocalização de celulares.
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Ao todo, a PF cumpre dois mandados de prisão preventiva. Em comunicado oficial, o órgão não menciona os nomes dos servidores detidos. Contudo, o jornal Folha de S.Paulo informa que Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram presos.
Ainda de acordo com a Folha, a partir da Operação Última Milha, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto das atividades da Abin. Ex-diretor da agência, Fortunato Pinto aparece, conforme o atual governo federal, como secretário de Planejamento e Gestão da agência.
Fora as prisões preventivas, a operação da vez da PF cumpre 25 mandados de busca e apreensão. Há, além disso, outros quatro mandados de afastamento — além do caso de Fortunato Pinto. A ação ocorre no Distrito Federal e em cidades de quatro Estados: Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
A investigação que fez a Polícia Federal mirar servidores da Abin
Conforme comunicado, a Polícia Federal reforça que a operação parte da suspeita de que servidores da Abin acessaram ilegalmente serviço de geolocalização, sem a devida autorização por parte da Justiça.
“De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira”, afirma a equipe de comunicação da PF. “A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.”
A corporação não informa, no entanto, quais — e quantas — pessoas tiveram, supostamente, celulares invadidos por servidores da Abin. Também não há, nesse sentido, quando o suposto crime teria ocorrido.
“Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão”, prossegue a PF.
A PF avisa, por fim, da possibilidade de os investigados serem punidos pela prática de três crimes:
- invasão de dispositivo informático alheio;
- organização criminosa; e
- interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Leia também: “A PF da Lava Jato e a PF de Dino”, reportagem de Silvio Navarro publicada na Edição 178 da Revista Oeste