Em entrevista a executivos da XP investimentos, o ministro da Justiça e Segurança Pública afirma que não existe sinalização concreta de que vamos entrar num cenário de sublevação social
Nesta segunda-feira, 6, durante uma videoconferência com executivos da XP Investimentos, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse que as medidas já tomadas pelo Ministério da Economia são suficientes para evitar distúrbios sociais durante a pandemia do novo coronavírus.
“Há um temor de que haja distúrbios sociais por problemas de abastecimento, de falta de acesso à renda. Me parece que esse problema está sendo equacionado muito bem pela economia, que está providenciando os mecanismos para evitar que as pessoas fiquem sem renda e salário. E, de todo modo, esse é um temor até o momento abstrato”, afirmou o ministro.
“Não existe sinalização concreta de que vamos entrar num cenário de sublevação social. Creio que não; ao contrário, acho que este momento de crise favorece nosso sentimento de união e solidariedade”, acrescentou.
Ao ser questionado sobre o isolamento, o ministro da Justiça afirmou existir “uma orientação geral” para que a população fique em casa, mas ponderou que há, ao mesmo tempo, “divergências razoáveis em torno desse tema”.
“O importante é conciliar o isolamento com as medidas econômicas que o governo tem tomado, como o ‘coronavoucher’ [auxílio de R$ 600,00 para trabalhadores mais vulneráveis] ou medida de suplementação de salário, para permitir que, se as pessoas tenham de ficar em casa, que elas tenham as condições necessárias para tanto.”
Ao ser perguntado sobre o uso da força policial nas ruas para que a população cumpra ordem de isolamento e quarentena, o ministro afirmou que o diálogo será utilizado para orientar as pessoas. Mas, em último caso, se poderá fazer uso da força policial.
Para o ministro, a decisão de soltar presos durante o período de isolamento social deve ser analisada com parcimônia pelos juízes. “Na aplicação individual, o juiz pode muito bem negar a liberdade porque existe também a necessidade de manter hígido o sistema de segurança pública e não pôr em liberdade prematuramente criminosos perigosos”, defendeu.