Mauricio Araújo de Sousa, filho de Petronilha Araújo de Souza e Antonio Mauricio de Souza, nasceu em Santa Isabel, no Estado de São Paulo, em 27 de outubro de 1935. Atualmente, ele é famoso por sua magnum opus, ou obra-prima: a série em quadrinhos Turma da Mônica.
Uma biografia oficial enviada a Oeste pela assessoria de Mauricio revela que o cartunista viveu parte de sua infância em Mogi das Cruzes (SP). Ele desenhava e rabiscava os cadernos escolares. Mais tarde, seus traços começaram a ilustrar cartazes e pôsteres para os comerciantes da região.
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Aos 19 anos, Mauricio se mudou para São Paulo e, durante cinco anos, trabalhou no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). À época, ele escrevia reportagens policiais ao tabloide.
No jornal, Mauricio também fazia uma série de tiras em quadrinhos com Bidu e Franjinha (dono do cachorro), publicadas semanalmente na Folha da Manhã. Então, ele iniciou sua carreira.
O início de tudo
Em entrevista a Oeste, Mauricio revelou que sempre cria seus personagens baseados em pessoas reais. “Começou com o Bidu, que era um cachorrinho que eu tive na infância, e depois o Franjinha, que tinha o jeitinho de um tio meu”, explicou o cartunista. “Aí vieram os amigos próximos das brincadeiras e jogos, como o Cebolinha e o Cascão”, continuou Mauricio.
Já a criação das personagens Magali e Mônica teve um processo diferente. “Um dia, meus amigos jornalistas me perguntaram por que eu não tinha personagens femininos”, explicou Mauricio. “Na verdade, eu não sabia em quem me basear para criar uma personagem menina.”
Então, Mauricio observou suas filhas enquanto brincavam ao lado de onde desenhava. “A Magali comia uma melancia sozinha, a Mônica corria de cá pra lá com um coelhão de palha que eu havia lhe dado e a Mariângela era a mais quietinha das três”, contou. “A inspiração estava ao meu lado.”
“A Mônica virou a Mônica, a Magali virou a Magali e a Mariângela virou um bebezinho, irmãzinha do Cebolinha, chamada Maria Cebolinha”, disse Mauricio. “Mais tarde, a Mônica ganhou tanta projeção com os leitores, que todos viraram a Turma da Mônica.”
Em maio de 1970, Mauricio lançou a primeira revista da Turma da Mônica. Antes da estreia, o cartunista já havia criado os personagens: Piteco, Chico Bento, Penadinho, Horácio, Raposão, Astronauta, entre outros. À época, a revista teve uma tiragem de 200 mil exemplares, pela Editora Abril.
Desafios e conquistas com a Turma da Mônica
Mauricio revelou que “trabalhar com a área de quadrinhos não é nada fácil, o tempo todo”. Conforme o cartunista, a concorrência estrangeira é muito forte no mercado nacional. “Fora isso, é preciso saber ser artista e, ao mesmo tempo, vender seu trabalho.”
Ele citou seu mais recente livro, chamado Crie de manhã, administre à tarde, da Maquinaria Editora. “Essa foi a frase que meu pai disse para mim quando viu que eu queria trabalhar com desenho”, disse.
Quando foi à Folha da Manhã levar seus desenhos, Mauricio disse que o editor de arte o “desanimou na hora, dizendo que desenho não dava futuro”, e que o cartunista deveria investir em “outra coisa na vida”.
“Mas, um jornalista viu que eu estava transtornado ao sair da redação e me disse que o ideal seria eu trabalhar em outra área no jornal, ir conhecendo melhor os editores para, um dia, tentar voltar ao desenho”, comentou o artista. “Tinha um concurso para revisor e consegui a vaga. Depois fui para a reportagem policial, e assim fiquei cinco anos trabalhando como jornalista.”
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De acordo com Mauricio, essa experiência o ajudou a melhorar seu texto e a ser sucinto nas informações. “Na verdade, era o que eu precisava para começar a escrever os textos dentro dos balões dos quadrinhos.” Então, levou a tira do Bidu com o Franjinha, que acabou publicada. ” e eles publicaram. “Pedi minha demissão como jornalista e fui contratado como desenhista.”
As criações de Mauricio chegam a cerca de 30 países, seja em forma de quadrinhos ou tiras de jornais. Entre as HQs mais vendidas do Brasil, dez são de Mauricio de Sousa. Atualmente, suas revistas correspondem a 86% das vendas do mercado brasileiro. O autor já alcançou 1 bilhão de revistas publicadas.
Turma da Mônica e o ensino
Conforme a biografia, “a preocupação de Mauricio em ensinar, orientar e informar de forma leve e bem-humorada fez com que recebesse, em 1998, do Presidente da República do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, a medalha dos Direitos Humanos”.
“Muitos professores que nos escrevem dizem que usam sempre os quadrinhos da turminha para exercícios de português, de redação e de arte na sala de aula”, comentou Mauricio sobre o uso didático de suas obras.
Mauricio também recebeu o título de Professor Honoris Causa, pela Universidade Braz, por suas histórias que alcançam “desde crianças até adultos”. Em 2010, de acordo com a Academia Paulista de Letras, o artista foi o primeiro autor de quadrinhos a receber esse reconhecimento literário no mundo.
Confira alguns outros prêmios de Mauricio
- Prêmio de Literatura Infantil da Academia Brasileira de Letras pelo livro A Turma da Mônica, 1999.
- Prêmio Destaque de Comércio Exterior (outorgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, como reconhecimento e incentivo ao segmento exportador), Rio de Janeiro, 2002”.
- Audiência com Sua Santidade Papa João Paulo II, no Vaticano e Medalha do Vaticano confirmando a sua nomeação como Membro do Conselho Administrativo do Centro Cultural Papa João Paulo II em Washington, DC, 2004.
- Em dezembro de 2010, Mauricio de Sousa foi eleito para ocupar a cadeira nº 24 da Academia Paulista de Letras. Foi empossado em maio de 2011.
- Em abril de 2011, Mauricio de Sousa ganhou o Prêmio Pulcinella, no Festival Cartoons on the Bay, em Rapallo, região de Gênova, na Itália, pelo conjunto de sua obra no mercado de animação.
- Ainda em 2011, o livro Turma da Mônica em Contos Clássicos de Andersen, Grimm e Perrault, publicado pela Sun Ya Publicações, editora baseada em Hong Kong, ganhou o Prêmio Bin Xing de Literatura Infantil da China.
Tentativa de entrar na Academia Brasileira de Letras
No ano passado, o quadrinista tentou obter a cadeira 8 da Academia Brasileira de Letras. Mas ele perdeu a vaga por uma larga margem (35 votos a 2) para o filólogo Ricardo Cavaleiri. Caso vencesse, Mauricio seria o primeiro representante das HQs na instituição.
“Eu estou desde 2011 na Academia Paulista de Letras e adoro a convivência com meus amigos, autores, poetas e escritores”, disse Mauricio, sobre sua tentativa de entrar na academia. “Queria expandir essa convivência com a ABL, que me faz muito bem. Não entrei, mas gostei dos apoios que recebi, principalmente de quem mais um autor precisa para ser reconhecido, os seus leitores.”
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