O ativismo woke, responsável por movimentos como Black Lives Matter e #MeToo, vem demonstrando sinais de queda nos Estados Unidos, berço e principal reduto da “lacração”.
Algumas lideranças do movimento woke, como Regina Jackson e Saira Rao, começaram a perceber uma diminuição no interesse da população pelos temas. “O pulso do anti-racismo, anti-colonialismo, anti-imperialismo, anti-genocídio está morto”, lamenta Rao à revista The Economist. “Não há pulso.”
Regina acredita que as coisas pioraram “muito”, citando “a proibição de livros, a proibição de LGBTQ, a proibição de pessoas trans, a interrupção do DEI”. A sigla se refere às iniciativas de “diversidade, equidade e inclusão” dentro das empresas.
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A publicação aponta que o “wokeísmo” cresceu rapidamente em 2015, com o surgimento de Donald Trump na cena política, continuou a se espalhar durante os atos do #MeToo e do Black Lives Matter, atingiu seu pico entre 2021 e 2022 e tem diminuído desde então.
O termo woke foi originalmente utilizado pela esquerda para descrever pessoas que estão atentas ao racismo. Com o tempo, passou a abranger aqueles que se dedicam para combater qualquer forma de preconceito.
A The Economist aponta que o termo se associa “aos ativistas mais radicais, que tendem a dividir o mundo entre vítimas e opressores”, uma luta de classes que extrapola o cenário econômico.
Essa visão, segundo a revista, “eleva a identidade de grupo em detrimento da individual”, em uma perspectiva coletivista, e “vê resultados desiguais entre diferentes grupos como prova de discriminação sistêmica”, fenômeno que embasa o conceito de racismo estrutural, por exemplo.
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Ao analisar pesquisas produzidas por institutos especializados nos últimos 25 anos, a publicação revela que opiniões woke sobre discriminação racial começaram a crescer por volta de 2015 e atingiram o pico em 2021.
Nos dados mais recentes, do início deste ano, 35% das pessoas afirmaram se preocupar “muito” com as relações raciais, uma queda em relação ao pico de 48% em 2021, mas um aumento em relação aos 17% em 2014.
A proporção de norte-americanos que concordam que os brancos desfrutam de vantagens na vida que os negros não têm (definido como “privilégio branco”) atingiu o pico em 2020.
Nos dados pesquisados, a visão de que a discriminação é a principal razão para as diferenças de resultados entre as raças atingiu seu pico em 2021 e caiu na versão mais recente da pesquisa, em 2022. Algumas das maiores oscilações no pensamento woke ocorreram entre os jovens e os norte-americanos identificados com a esquerda.
A pesquisa sobre discriminação sexual revela um padrão semelhante, embora com um pico anterior às preocupações raciais. A proporção de norte-americanos que consideram o sexismo um problema muito ou moderadamente grande atingiu o pico de 70% em 2018, depois do #MeToo. A proporção que acredita que as mulheres enfrentam obstáculos que dificultam seu progresso atingiu o pico em 2019, com 57%.
As opiniões woke sobre gênero também estão em declínio. A proporção de pessoas que acreditam que alguém pode ser de um sexo diferente do seu de nascimento caiu constantemente desde 2017, quando a pergunta foi feita pela primeira vez.
A oposição a estudantes trans jogando em equipes esportivas que correspondem ao seu gênero escolhido, em vez de seu sexo biológico, cresceu de 53% em 2022 para 61% em 2024.
Woke na imprensa
Para corroborar a tendência revelada pelas pesquisas de opinião, a The Economist mensurou com que frequência a mídia usou termos woke, como “interseccionalidade”, “microagressão”, “opressão”, “privilegio branco” e “transfobia”.
Ao todo, foram pesquisadas 154 palavras associadas à “lacração” em seis dos principais jornais dos Estados Unidos, entre 1970 e 2023.
Em todos, a frequência desses termos atingiu o pico entre 2019 e 2021, e caiu desde então. O termo “privilégio branco”, por exemplo, apareceu aproximadamente 2,5 vezes a cada milhão de palavras no jornal The New York Times em 2020, mas em 2023 caiu para apenas 0,4 menções a cada milhão de palavras.
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A publicação encontrou uma tendência semelhante na televisão ao aplicar o mesmo método de contagem de palavras a transcrições das três principais emissoras do país entre 2010 e 2023. As menções a palavras woke na televisão atingiram seu pico em 2021.
No mercado editorial, a revista analisou os títulos dos 30 livros mais vendidos a cada semana entre 2012 e meados de 2024. Nos livros populares, o pico veio mais tarde, em 2022, com apenas uma pequena queda em 2023, seguida por uma queda muito maior até agora em 2024.
Cultura woke na universidade
Nas universidades, frequentemente vistas como um reduto da lacração, a tendência é muito semelhante. Advertências para que estudantes sejam disciplinados por suas opiniões, documentadas pela Fundação para Direitos e Liberdade de Expressão, atingiram o pico em 2021, com um total de 222 incidentes registrados.
Um banco de dados semelhante, compilado pelo College Fix, um jornal estudantil conservador, encontra 2020 como o ano do pico nas chamadas para censurar ou cancelar universitários.
Essas descobertas também se alinham com dados de pesquisa: a proporção de norte-americanos que acreditam que opiniões racistas devem ser restringidas cresceu acentuadamente entre 2016 e 2021, atingindo cerca de 52%, e desde então caiu para 49% em 2022.
O ensino e a pesquisa também parecem estar se afastando da “lacração”. O uso do catálogo de 154 termos woke selecionados pela The Economist começou a crescer acentuadamente em 2015 em artigos sobre ciências sociais coletados pelo JSTOR, uma biblioteca digital de periódicos acadêmicos. Em 2022, a incidência de “interseccional”, “branquitude”, “opressão” e semelhantes atingiu seu pico.
A frequência de palavras woke nas ementas de cursos e disciplinas de universidades americanas aumentaram cerca de 20% entre 2010 e 2022, mas permaneceram estáveis no ano passado.
Em parte, a retirada da academia do wokeísmo foi determinada por lei. No ano passado, a Suprema Corte do país baniu as ações afirmativas baseadas em raça — as cotas raciais — nas admissões.
Segundo a revista, 86 projetos de lei em 28 Estados norte-americanos visam a restrição de iniciativas de “diversidade, equidade e inclusão” na academia no último ano; 14 se tornaram lei.
O Alabama, por exemplo, proibiu universidades financiadas pelo Estado de ter qualquer escritório ou programa de DEI, de promover “conceitos divisivos” sobre “raça, cor, religião, sexo, etnia ou nacionalidade” e de permitir que estudantes trans usem os banheiros de sua escolha.
Nove Estados dos EUA proíbem instituições acadêmicas de exigir “declarações de diversidade” de candidatos a emprego. Críticos apontam que esses testes escondem um caráter ideológico.
No início desse ano, várias universidades proeminentes, como Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), cederam à pressão de doadores e ex-alunos e abandonaram esses requisitos. Outras, como a Universidade da Califórnia, enfrentaram processos judiciais por manterem sua aplicação.
Mundo dos negócios — e da lacração
O wokeísmo também está em recuo no mundo empresarial. As menções a DEI em relatórios corporativos dispararam quase cinco vezes entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2020, depois do início do movimento Black Lives Matter.
Elas atingiram o pico no segundo trimestre de 2021, quando eram 14 vezes mais comuns do que no início de 2020, segundo levantamento da revista.
Desde então, começaram a cair acentuadamente novamente. Nos dados mais recentes, do segundo trimestre de 2024, as menções estavam apenas cerca de três vezes mais altas do que antes de 2020.
As evidências sugerem que as empresas estão menos dispostas a investir em diversidade, embora declarem seu compromisso com a causa. As vagas de DEI como proporção do emprego total dobraram do início de 2016 até o final de 2022, mas nas estimativas mais recentes, de julho de 2024, esses números caíram 11% em relação ao pico.
A queda no entusiasmo corporativo por DEI pode ter várias causas, de acordo com a publicação. Primeiro, em qualquer corte de gastos, as funções de suporte são as primeiras a sofrer cortes. É assim que consultores do setor explicam a recente redução dos departamentos de DEI em grandes empresas de tecnologia, como Meta e Microsoft.
Em segundo lugar, depois da decisão da Suprema Corte dos EUA sobre ações afirmativas na educação, as empresas temem ser processadas por práticas que possam ser consideradas discriminatórias.
Leia também: “A guerra de Musk contra a agenda woke“, artigo de Rodrigo Constantino publicado na Edição 227 da Revista Oeste
Uma terceira possibilidade é que as empresas estão atentas à diminuição do entusiasmo público por ativismo social corporativo. A The Economist aponta uma grande queda entre 2022 e 2023 na proporção de norte-americanos que gostariam que as empresas se posicionassem em questões de debate público. Menos da metade, por exemplo, acredita que os negócios deveriam se manifestar sobre questões raciais ou direitos LGBT.
A Bud Light, uma marca popular de cerveja, sofreu uma grande queda nas vendas no ano passado depois de produzir um comercial com uma influenciadora digital trans. As ações da empresa até hoje não se recuperaram totalmente.
Outras grandes marcas, incluindo a gigante de mídia Disney e a varejista Target, também enfrentaram reações negativas por comportamentos que alguns clientes consideraram woke.
Robby Starbuck, ativista que faz campanha para que empresas abandonem políticas de DEI, diz que deseja “Tornar a América corporativa sã novamente”. Ele conquistou concessões e pedidos de desculpas de grandes corporações, como Ford, Harley Davidson, Jack Daniel’s e John Deere.
Starbuck afirma que, enquanto seus primeiros alvos se renderam apenas depois que ele postou vídeos condenatórios sobre eles on-line, hoje em dia as empresas estão começando a abandonar as iniciativas de DEI de forma preventiva.
Fenômeno pode ganhar força novamente
Embora a análise mostre uma clara diminuição da cultura woke, a revista aponta razões para cautela. Em primeiro lugar, embora todas as medidas estejam abaixo de seus picos, permanecem acima dos níveis registrados em 2015.
Além disso, em alguns aspectos, as ideias woke podem estar sendo menos discutidas simplesmente porque se tornaram amplamente aceitas. Segundo a publicação, 74% dos norte-americanos desejam que as empresas promovam diversidade, independentemente das dificuldades do DEI.
Há também a possibilidade de que a Geração Z, a mais woke de todas, mantenha essa perspectiva à medida que envelhece, o que levaria a um aumento gradual das opiniões woke na população em geral.
Ruy Teixeira, do think tank American Enterprise Institute, diz: “Acredito que as pessoas um dia olharão para a era de 2015 a 2025 como um momento de loucura”.
Ainda que Teixeira perceba que a onda woke retrocedeu o progresso social, ele nota que, a longo prazo, a América tem reduzido a discriminação e melhorado as oportunidades para minorias de todos os tipos. Essa tendência, ele acredita, é duradoura.
Leia também: “As raízes filosóficas e espirituais do wokeísmo”, artigo de Flávio Gordon publicado na Edição 229 da Revista Oeste
Graças a Deus!!!
Achei que não fossem mencionar a Disney, que amargou bilheterias ridículas com filmes com ideologia woke. Enquanto a Branca de neve não voltar a ser branca e for mais bonita que rainha, dificilmente irão emplacar mais algum sucesso. O resumo disso é que esse movimento não ajudou ninguém, não trouxe ganhos para as empresas que apoiaram (algumas até perderam milhões) e não há futuro nessa conversa. Na maioria dos países mais desenvolvidos, a questão da cor ser mais ou menos opressora não é tão mais relevante, e o Islã vem tomando corpo nessas sociedades, com uma cultura impenetrável, que resiste ao local e ao tempo, se organizam em sociedade e sufocam essa cultura de modinha.
Graças a Deus !!! Mas tem um delay entre terminar nos EUA e aqui nos wokes retardados do Brasil, aqui ainda está meio que no auge esse bando de radiciais fomentados por artistas lacradores, a grande mídia militantes e financiados pelo George Soros !!!