O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, planeja se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca na próxima semana. Biden, em função de lapsos de memória apresentados nos últimos dias, tem sido pressionado até por seus pares para abandonar a disputa nas eleições em novembro, quando tentará permanecer no cargo.
O encontro com Netanyahu será uma tentativa de fortalecer os laços com Israel, depois de os EUA congelarem o envio de alguns armamentos a Israel, para a incursão israelense em Rafah, na Faixa de Gaza, iniciada em 8 de maio último.
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De acordo com a Reuters, a visita de Netanyahu à Casa Branca será a primeira desde que ele voltou ao cargo no final de 2022. Biden havia se recusado a emitir o convite tradicional enviado a líderes israelenses que formam novos governos, por causa das tensões sobre o programa de reforma judicial de Netanyahu, proposto em 2023.
Os dois líderes se encontraram em Nova York em setembro passado, em paralelo à Assembleia Geral da ONU. Voltaram a se reunir em outubro, quando Biden visitou Israel depois do ataque de 7 de outubro.
O encontro, informou a Reuters, ainda depende da recuperação do presidente Biden, que na quarta-feira 17 foi diagnosticado com covid-19, na sua forma mais leve. Caso ele se recupere a tempo, a reunião bilateral, conforme informado pela Casa Branca, será confirmada.
Netanyahu estará em Washington para um discurso no Congresso na quarta-feira 24. A relação entre Netanyahu e Biden é foco de certa tensão desde que o primeiro-ministro israelense, em 2015, fez um discurso no Congresso a convite do Partido Republicano.
Na ocasião, Netanyahu criticou a proposta do então presidente democrata Barack Obama para a criação de um Estado Palestino. Joe Biden era o vice-presidente de Obama.
A falta de sintonia entre os dois é confirmada a Oeste pela professora norte-americana Barbara Weinstein, da Universidade de Nova York.
“Biden não gostou daquele discurso e desde então a relação pessoal entre eles não é das melhores.”
Reunião com Kamala Harris
A vice-presidente Kamala Harris também se reunirá com Netanyahu durante a visita dele a Washington, conforme informou um funcionário da Casa Branca. Neste momento, Biden está se recuperando em sua casa de praia em Delaware. Seu plano atual é retornar a Washington no domingo 26.
A tensão entre os dois líderes aumentou nos últimos meses. Biden passou a criticar a gestão de Netanyahu na guerra de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro.
As divergências entre os dois se intensificaram em relação à distribuição de ajuda humanitária a Gaza e à falta de um plano israelense para o período posterior ao controle do Hamas, segundo os EUA.
“Esperamos que os dois líderes tenham a chance de se encontrar enquanto o primeiro-ministro Netanyahu estiver na cidade”, disse à Reuters o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, sem mencionar uma data específica. “Obviamente, precisamos garantir que a saúde e a recuperação do presidente da covid-19 tenham prioridade e, se e como isso pode afetar a discussão com o primeiro-ministro Netanyahu, não estamos em posição de ajudar hoje.”
Os EUA têm trabalhado com o Catar e o Egito para tentar organizar um cessar-fogo no conflito de Gaza, com o objetivo de libertar os 120 reféns restantes mantidos desde 7 de outubro e aumentar a ajuda humanitária ao enclave.
Um funcionário dos EUA informou que o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Brett McGurk, irá para a região na quinta-feira 24, para consultas sobre o conflito, com paradas planejadas nos Emirados Árabes Unidos e na Jordânia. Nenhum acordo parecia iminente, e Kirby afirmou que a viagem de McGurk fazia parte de consultas regulares.
Retomada do envio de bombas a Israel
Antes da visita, a administração Biden pode ter amenizado um ponto de discórdia na semana passada ao anunciar a retomada do envio de bombas de 500 libras a Israel, embora continue a manter o fornecimento de bombas de 2 mil libras devido a preocupações sobre seu uso em Gaza, densamente povoada.
Em junho, Netanyahu criticou os EUA por reterem algumas armas. A queixa levou os assessores de Biden a expressarem decepção e confusão com as declarações do líder israelense.
O convite para Netanyahu discursar em uma sessão conjunta do Congresso foi novamente orquestrado pela liderança republicana da Câmara dos Representantes. Ela acusou o presidente democrata de não dar o suficiente apoio à estratégia de Israel na guerra de Gaza.
Discursos de líderes estrangeiros em sessões conjuntas do Congresso, prossegue a agência, são uma honra rara. Esta é geralmente reservada para os aliados mais próximos dos EUA ou figuras mundiais importantes.
Neste novo discurso há uma chance de o incômodo de 2015 se repetir. Netanyahu poderá destacar diferenças sobre a política de Israel entre Biden e alguns democratas progressistas. Ainda mais se alguns deles seguirem adiante com a ameaça de boicotar a aparição do líder israelense.