Na Rússia, o cientista acusado de compartilhar segredos de Estado com a China morreu no sábado 2, dois dias depois de ser preso. Dmitri Kolker, 54 anos, foi detido e transferido para Moscou quando estava na cama de um hospital na cidade de Novosibirsk, a 3,3 mil quilômetros da capital russa. Ele tratava de um câncer no pâncreas.
O cientista era chefe do laboratório de tecnologias ópticas quânticas e autor de mais de 100 artigos científicos e três patentes — ele também trabalhava em parceria com institutos da Alemanha e da França. Não há detalhes de quais informações teriam sido compartilhadas com os chineses.
Doutor em física e matemática, Kolker era acusado de colaborar com os serviços de segurança da China. Segundo os familiares, a prisão de Kolker estava relacionada a palestras para estudantes em uma conferência no país asiático. De acordo com Maxim, filho do cientista, as exposições foram certificadas pelo serviço secreto russo.
Um dia depois da detenção, o tribunal de Justiça de Novosibirsk ordenou que o cientista ficasse preso até o fim de agosto, enquanto aguardava o julgamento. Caso tivesse sido condenado, poderia ter de cumprir até 20 anos de prisão.
A morte do cientista foi confirmada pelos familiares de Kolker. “O Serviço Secreto da Rússia matou meu pai”, escreveu Maxim, no VKontakte, rede social russa semelhante ao Facebook. A postagem incluiu um telegrama que informava a morte do cientista, em um hospital em Moscou.
A prisão de Kolker foi a segunda de cientistas de Novosibirsk em uma semana. Na terça-feira 28, oficiais russos prenderam Anatoli Maslov, chefe de um instituto de mecânica. Ele é acusado de vazar dados de tecnologia hipersônica.
Diversos cientistas russos foram presos e acusados de traição nos últimos anos por supostamente repassar material sensível a estrangeiros. Críticos do Kremlin, contudo, dizem que as prisões muitas vezes resultam de denúncias sem provas.
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