A advogada israelense Amit Soussana, de 40 anos, ficou 54 dias sob o domínio de terroristas do Hamas e é a primeira mulher a falar publicamente sobre o abuso sexual e outros tipos de violência sofridos durante o tempo que passou em cativeiro.
Em entrevista ao The New York Times, divulgada na terça-feira 26, a mulher conta que morava sozinha no kibutz Kfar Aza, no sul de Israel, e foi sequestrada em 7 de outubro de 2023 junto de seus vizinhos. Ao ouvir o soar das sirenes, ela tentou se esconder em seu quarto, mas os terroristas explodiram a porta, a espancaram e a sequestraram.
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Naquele dia, os terroristas atacaram o território de Israel, mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram centenas de israelenses, que foram levados para a Faixa de Gaza. Israel respondeu com a declaração de guerra ao grupo terrorista.
O momento da captura da advogada chegou a ser registrado em vídeo e voltou a circular nas redes sociais depois de sua entrevista.
Amit foi levada até um dos cativeiros do Hamas por pelo menos dez homens. Ela ficava presa em um quarto de crianças, acorrentada pelo tornozelo. Às vezes, o homem que a vigiava entrava no quarto, levantava a blusa dela e a tocava.
Ele perguntou várias vezes quando a menstruação dela iria acabar. A mulher disse que fingiu que ainda estava menstruada durante uma semana depois do fim de seu período.
Amit relata que, por volta do dia 24 de outubro, o terrorista a levou a um banheiro para que ela se lavasse. Nesse momento, ele ficou na porta, segurando uma arma. Depois que ela tomou banho, ele a apalpou e a agrediu.
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O homem apontou uma arma contra sua cabeça e a levou para outro cômodo. Lá, ele a forçou a se relacionar sexualmente com ele. O agressor teria voltado ao quarto dela mais tarde, demonstrando remorso e pedindo-lhe: “Por favor, não conte a Israel”.
Depois de passar 54 dias em cativeiro, a israelense foi libertada no final de novembro de 2023 como parte de uma troca de reféns em Gaza que foram sequestrados pelo Hamas por prisioneiros palestinos.
Relato de israelense é compatível com os de outros ex-reféns do Hamas, diz organização
Em comunicado, o Fórum de Famílias de Reféns disse que o “corajoso testemunho” da advogada é um dos muitos relatos angustiantes de reféns que estiveram sob o domínio do Hamas.
A organização também disse que os demais 130 reféns mantidos pelo grupo terrorista, que vivem um “inferno vivo” há 172 dias, devem ser levados para suas casas o mais rápido possível.
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A dra. Ayelet Levy Shachar, mãe da refém Naama Levy, de 19 anos, afirmou que o “horrível testemunho de Amit é mais uma prova de que nossos entes queridos em Gaza sofrem tortura física, sexual e psicológica todos os dias”.
Na terça-feira, o presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que o relato de Amit fala “por todos aqueles que não podem falar, por todas as vítimas dos desprezíveis crimes e abusos sexuais do Hamas, e por todas as mulheres em todos os lugares”. A declaração foi publicada em seu perfil do Twitter/X.
No início de março, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório em que revela que estupro e estupro coletivo, entre outros atos de violência sexual, provavelmente ocorreram durante o ataque de 7 de outubro do Hamas.
Para a ONU, o relatório é carregado de evidências “claras e convincentes” de que reféns sofreram abuso sexual enquanto estavam detidos em Gaza, e que aqueles atualmente mantidos em cativeiro ainda estão enfrentando esse tipo de violência.
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E são essas bestas humanas que o governo brasileiro apoia, infelizmente.