O Serviço de Inteligência da Holanda anunciou que deportou do país um espião russo que se passava por brasileiro, de acordo com um comunicado divulgado nesta quinta-feira, 16.
Segundo as autoridades holandesas, o russo Sergey Vladimirovich Cherkasov estava em processo de admissão para atuar como estagiário no Tribunal Penal Internacional, em Haia, usando um passaporte brasileiro. Na verdade, o indivíduo seria membro do Serviço de Inteligência Militar da Rússia.
O governo holandês informou que o suposto espião russo “foi enviado de volta ao Brasil no primeiro voo”. O caso aconteceu em abril.
Sergey ou Viktor?
A investigação holandesa informou que Sergey Vladimirovich Cherkasov usava a identidade brasileira, com o nome de Viktor Muller Ferreira. O indivíduo nascido em 11 de setembro de 1985 tentaria ingressar no país ocultando seus laços com a Rússia e com o Serviço de Inteligência russo.
O comunicado do governo holandês afirma que a Rússia tem usado cidadãos disfarçados com outras nacionalidades para tentar coletar informações militares, políticas e tecnológicas.
Atualmente, o Tribunal Penal Internacional vem investigando crimes de guerra da Rússia na invasão da Ucrânia, que já dura quase quatro meses. A Corte também se debruça sobre casos envolvendo russos na ocupação da Geórgia, em 2008.
Cherkasov estava na iminência de ser aceito como estagiário no prédio do Tribunal Penal Internacional, com potencial acesso a informações de interesse para o seu país.
A inteligência holandesa publicou uma carta escrita por Cherkasov, em que o espião conta, em português, sua história como Victor Muller Ferreira. O órgão classifica o conteúdo como fantasioso e diz que o material servia para o espião memorizar seu personagem para futuras missões.
No texto, com dezenas de erros gramaticais, Cherkasov diz ter nascido em Niterói (RJ) e relata uma vida de extrema dificuldade familiar e financeira. O rapaz alegava ter Brasília como sua última base no país, por volta de 2010.