O japonês Iwao Hakamada, que passou 46 anos no corredor da morte, foi absolvido pela Justiça nesta quinta-feira, 26, depois de ser condenado por múltiplo homicídio. Ex-boxeador, Hakamada entrou a prisão aos 42 anos, ganhou liberdade em 2014, já com 88 anos, mas, desde então, aguardava um novo julgamento.
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Ele era investigado pelo suposto assassinato do seu chefe, da esposa dele e dos dois filhos adolescentes do casal.
Devido à sua saúde fragilizada, Hakamada não compareceu ao tribunal. Sua irmã mais velha, Hideko, de 91 anos, esteve presente e fez várias reverências ao juiz após a leitura da decisão.
Um símbolo para os defensores da abolição da pena de morte
O caso, iniciado em 1966, tornou-se um símbolo para os defensores da abolição da pena de morte no Japão, que são minoria no país, segundo várias pesquisas.
A promotoria tem duas semanas para recorrer da decisão, conforme informou a imprensa local. Centenas de pessoas compareceram ao tribunal de Shizuoka para ouvir o veredicto. Atsushi Zukeran, vestindo uma camiseta com a frase “Libertem Hakamada”, acreditava na absolvição, mas declarou que não comemoraria completamente a decisão.
Confissão sob coação e provas forjadas
Hakamada, que trabalhava em uma fábrica de missô em 1966, inicialmente confessou os homicídios, mas depois alegou que sua confissão foi obtida sob coação, com interrogatórios violentos. Seus advogados também afirmaram que algumas provas apresentadas no julgamento, como roupas ensanguentadas encontradas um ano depois, foram forjadas pela polícia ou investigadores.
O tribunal de Shizuoka condenou Hakamada à morte em 1968, sentença ratificada 12 anos depois pela Suprema Corte do Japão. Em 2014, um tribunal levantou dúvidas sobre a sentença, após evidências mostrarem que o DNA nas roupas ensanguentadas não correspondia ao de Hakamada.
Novo julgamento e resistência da promotoria
Ele recebeu o direito à liberdade, mas o novo julgamento só começou no ano passado devido a trâmites judiciais e à resistência da Promotoria. Durante o novo processo, a acusação voltou a pedir a pena de morte, argumentando que a culpa estava “além de qualquer dúvida razoável”.
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Segundo o jornal japonês Mainichi, Hakamada é o quinto preso no corredor da morte a conseguir um novo julgamento no Japão após a Segunda Guerra Mundial. Todos os casos anteriores resultaram em absolvição.
Sequelas psicológicas e execução por enforcamento
Pessoas próximas a Hakamada afirmam que ele sofreu sequelas psicológicas consideráveis após passar quase cinco décadas no corredor da morte, muitas vezes isolado, pensando que cada dia poderia ser seu último.
No Japão, os condenados à morte são frequentemente avisados com apenas algumas horas de antecedência sobre a execução, que é realizada por enforcamento, o único método aceito no país. A pena de morte tem amplo apoio na sociedade japonesa, e os líderes políticos não parecem ter intenção de abolir a prática.
No final do ano passado, o Japão tinha mais de cem condenados à morte em suas prisões.
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