A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que protestou contra a guerra na Ucrânia durante uma transmissão ao vivo em uma TV estatal, foi condenada a oito anos de prisão. O governo de Vladimir Putin a acusou de espalhar notícias falsas sobre o Exército russo.
Marina, de 45 anos, exibiu um cartaz durante um programa de notícias em março de 2022, com as mensagens “Parem a guerra” e “Eles estão mentindo para você”. Na época, ela foi multada.
Mas a jornalista foi condenada por outro protesto que realizou em frente ao Kremlin em julho do mesmo ano. Na ocasião, ela segurava uma faixa com os dizeres “Putin é um assassino. Seus soldados são fascistas”.
“O tribunal condenou Ovsiannikova a oito anos e seis meses de prisão que devem ser cumpridos em uma colônia penal”, declarou o Ministério Público russo.
Fuga da jornalista
Porém, Marina não compareceu à sentença. Em outubro do ano passado, ela fugiu da Rússia com a filha de 11 anos para um país europeu não especificado no ano passado.
Segundo seu advogado, ela escapou da prisão domiciliar e disse que não tinha nenhum caso para responder.
“Eu não retiro uma única palavra”, disse a jornalista em uma rede social.
A fuga de Marina aconteceu duas semanas depois de as autoridades russas colocarem seu nome na lista de procurados, sugerindo que ela estaria foragida.
Antes da sentença, Marina declarou que as acusações contra ela são “absurdas e com motivação política”.
“Eles decidiram me atacar por não ter medo e por chamar as coisas pelos seus nomes”, disse ela nessa terça-feira 3.
“Claro, não admito minha culpa. E não nego nenhuma de minhas palavras. Fiz uma escolha moral muito difícil, mas a única correta em minha vida, e já paguei um preço alto o suficiente por isso.”
O julgamento contra a jornalista é resultado de uma nova lei aprovada depois do início da invasão russa contra a Ucrânia. A legislação considera crime “desacreditar as Forças Armadas ou espalhar informações falsas sobre elas”.
Desde o início da guerra, as autoridades russas deram início a uma campanha de repressão sem precedentes contra pessoas contrárias ao conflito, com detenções ou multas.