James Wade “desvendou” o humor britânico. Isso depois de analisar um texto medieval do século XV, que registra uma espécie de comédia stand-up da época. Wade é professor da Universidade de Cambridge e do Girton College, e teve seu estudo publicado na revista acadêmica The Review of English Studies, na quarta-feira 31.
Na pesquisa, o professor se concentrou no primeiro dos nove livretos do “Manuscrito Heege”, que contém três textos com zombarias sobre reis, sacerdotes e camponeses. De acordo com ele, esses materiais podem ajudar os estudiosos a terem uma melhor compreensão sobre o famoso senso de humor britânico. Esse estilo de humor é conhecido por ser “bem seco” — e pode variar de sarcasmo e ironia em relação às “bobagens da vida em geral” até a autodepreciação.
Wade percebeu que o autor de um dos escritos havia o assinado com a seguinte frase: “Por mim, Richard Heege, porque eu estava naquele banquete e não bebi”. “Foi uma demonstração intrigante de humor e é raro que escribas medievais compartilhem tanto de seu caráter”, disse o professor. A partir disso, o professor começou a investigar como, onde e por que Heege havia copiado os textos.
Sobre o texto medieval com o ‘seco’ humor inglês
O professor acredita que, por volta de 1480, Heege copiou os textos de outro documento escrito por um menestrel desconhecido, que se apresentava perto da divisa entre Derbyshire e Nottinghamshir. Menestréis viajavam entre feiras, tabernas e salões baroniais para entreterem as pessoas com canções e histórias.
De acordo com Wade, o menestrel teria escrito parte de seu ato porque suas sequências sem sentido provavelmente eram muito difíceis de decorarem. “Ele não se deu o tipo de repetição ou trajetória da história que tornaria as coisas mais simples de lembrar”, afirma o professor.
Todos os três escritos Heege são, a saber, bem-humorados e planejados para apresentações ao vivo. Os textos apresentam o mais antigo uso já registrado de “arenque vermelho”, uma pista falsa dada ao leitor para despistá-lo.
Mesmo que alguns nomes, pagamentos, instrumentos tocados e localizações de menestréis foram identificadas, não havia praticamente nenhuma evidência das vidas ou trabalho desses artistas.
Estagiário de jornalismo da Revista Oeste. Sob supervisão de Anderson Scardoelli
The bloody British humour! Engraçado, “red herring” é tão banal que nunca pensei como “arenque vermelho”. E se o autor confessou não ter bebido e por isso lembrar da festa, provavelmente o único que não a aproveitou legando a nós a oportunidade.