A 90 quilômetros ao norte de Montevidéu, capital do Uruguai, às margens da Rodovia 56, María Domínguez aguarda pacientemente com o braço erguido. Por baixo de suas roupas comuns, porta sua bata branca, símbolo e traje oficial da profissão que decidiu exercer, de professora.
A jovem de apenas 29 anos busca, assim, facilitar o caminho para cumprir sua missão cotidiana, a qual já está tão habituada.
Há um ano, María precisa vir para esta mesma estrada todos os dias, às 8 horas da manhã, e esperar até que algum viajante decida fazer a gentileza de lhe dar uma carona.
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Sem dinheiro para um veículo próprio e sem acesso a transporte público para sua rota, é somente assim que consegue chegar até a escola onde leciona, distante 108 quilômetros do seu ponto de partida.
Apenas dois alunos
Lá, não encontrará uma grande estrutura nem uma sala repleta de alunos. Pelo contrário. Todo seu esforço é devotado a dois pequenos estudantes: Juliana, de 4 anos, e Benjamín, de 9.
Filhos de trabalhadores do campo, Juliana e Benjamín são os únicos estudantes da escola rural 118 Paso de la Cruz del Yí.
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Enquanto a pequena não sabe sequer ler nem escrever, o maiorzinho precisa aprender a multiplicar e a dividir.
A conciliação de idades e aprendizados tão distintos exige empenho da criatividade de María para elaborar atividades em que interajam.
Além de María, a escola conta com mais uma funcionária. É a mãe de Benjamín, Carla, que faz as vezes de cozinheira e faxineira.
A volta para casa
Quando o expediente termina, às 15 horas, não é o descanso que María vislumbra, mas a perspectiva de novamente levantar seus braços para conquistar uma carona que a leve de volta para casa.
Afinal, é preciso percorrer mais 108 quilômetros para poder desfrutar seu repouso.
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Devdríamos no Brasil ter alguma coisa que identifique os professores. É uma profissão rica demais para não ter algo que a destaque.