Trabalhadores da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) denunciaram que dezenas de funcionários foram obrigados a renunciar aos seus cargos por não apoiar o regime de Nicolás Maduro.
Mais de cem trabalhadores da estatal da Venezuela e do Ministério do Petróleo foram forçados a deixar suas funções por razões políticas desde as eleições de julho no país. À época, o ditador Nicolás Maduro foi anunciado reeleito, mas a oposição alega que seu candidato, Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor com uma vitória esmagadora.
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Executivos da Petróleos de Venezuela instruíram funcionários a participarem de manifestações pró-Maduro e monitoraram suas redes sociais, de acordo com quatro fontes da empresa e um dirigente sindical.
Funcionários que não apoiaram Maduro ou questionaram os resultados das eleições estão sendo demitidos, disseram essas fontes. “Você é chamado para o RH, você se senta e recebe uma carta de demissão que precisa assinar”, relatou uma fonte ao jornal Reuters.
Demissões em massa na Petróleos de Venezuela
Na sede da Petróleos de Venezuela em Caracas, cerca de cem empregados administrativos foram demitidos depois da eleição, segundo duas fontes. Mais de 30 pessoas na divisão Leste da estatal, responsável pela maior produção de petróleo do país, também foram forçadas a renunciar, de acordo com o maior sindicato petroleiro do país.
“Trata-se de uma retaliação política contra numerosos trabalhadores que no mais recente processo eleitoral se mostraram contra Maduro”, declarou o dirigente sindical José Bodas em comunicado.
Repressão em outras entidades públicas
A PDVSA emprega cerca de 90 mil pessoas, conforme dados fornecidos neste ano pelo presidente-executivo Pedro Tellechea.
Outras entidades públicas também adotaram medidas repressivas semelhantes, incluindo ministérios, a estatal elétrica Corpoelec, os conglomerados industriais estatais, a petroquímica Pequiven, o sistema de metrô de Caracas e meios de comunicação públicos, segundo fontes e sindicatos.
Pelo menos oito funcionários do Ministério do Petróleo também foram demitidos por razões políticas, segundo uma fonte próxima ao assunto.
Monitoramento das redes sociais
A Reuters não conseguiu determinar imediatamente o número total de funcionários públicos que deixaram seus empregos nas três semanas desde as eleições.
“Discutem sobre as coisas menores, o estado das redes sociais, uma mensagem em seu perfil, uma citação contra o governo. Eles tiram uma captura de tela e passam para o RH”, disse um funcionário da refinaria, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Países ocidentais e organizações internacionais, incluindo a ONU, pediram ao governo venezuelano uma recontagem completa dos votos do mês passado e o fim da perseguição, depois dos protestos contra Maduro resultarem em 23 mortes e mais de 2,4 mil prisões.