Um dos maiores estadistas de todos os tempos, Winston Churchill teve o monumento em sua homenagem pichado com a frase “Was a racist” (Era um racista) durante um protesto em Londres
Nesta segunda-feira, 8, os amantes do cinema, da arte e da liberdade foram surpreendidos com a notícia de que …E o Vento Levou, considerado há 80 anos um dos maiores filmes da história, havia sido retirado do catálogo da HBO Max por ser qualificado de racista. Tão assustadora quanto a notícia foi a informação de que a decisão havia sido tomada sem que o serviço de streaming tivesse sofrido pressão por parte do público. “Essas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje”, explicou a empresa, em comunicado. “Acreditamos que mantê-las sem uma explicação e uma denúncia seria irresponsável”.
Tendo como pano de fundo a Guerra Civil Americana, o filme narra o caso de amor entre Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), filha de um proprietário rural, e Rhett Butler (Clark Gable), um charmoso aventureiro. Ironicamente, ao retirar o filme de cartaz sob acusação de racismo, a HBO está impedindo o público de ver a atuação de Hattie McDaniel, a primeira negra a vencer um Oscar.
A obra é mais uma vítima da radicalização dos protestos que tomaram as ruas de vários países depois da morte do segurança George Floyd, assassinado de maneira cruel por um policial de Minneapolis, nos Estados Unidos. Desde que o crime ocorreu, em 25 de maio, até hoje, os atos organizados por movimentos como o Black Lives Matter (Vidas Negras importam) e o Antifas (Anti-fascistas) passaram pelos protestos pacíficos, pela depredação de prédios públicos, pela ofensa a policiais e pelo arrombamento e saque de lojas. Agora, a moda é a destruição por multidões em fúria de estátuas de personalidades que, segundo os manifestantes, simbolizam o racismo. Entre elas, sobrou até para Winston Churchill.
Winston Churchill
Um dos maiores estadistas de todos os tempos, Churchill teve o monumento em sua homenagem pichado com a frase “Was a racist” (Era um racista) durante um protesto em Londres, em 7 de junho. Os manifestantes, que parecem desconhecer a atuação do ex-primeiro-ministro britânico contra o nazismo durante a 2ª Guerra Mundial, o responsabilizam por injustiças sofridas por africanos e indianos na época em que eram colônias inglesas. Sob o comando de Adolf Hitler, a Alemanha exterminou 6 milhões de judeus, além de incontáveis poloneses, ciganos, homossexuais e negros de todas as nacionalidades antes de ser derrotada pelos aliados.
“Sim, às vezes ele expressava opiniões que eram e são inaceitáveis para nós hoje, mas ele era um herói e merece esse memorial”, escreveu o primeiro-ministro Boris Johnson, no Twitter. “Não podemos tentar editar ou censurar nosso passado. Não podemos fingir que temos uma história diferente”.
https://twitter.com/DawkinsReturns/status/1269794552325582848
Nesta sexta-feira, 12, diante da expectativa de novos protestos, a estátua, localizada em frente ao parlamento de Londres, foi coberta com tapumes. Nem isso impediu a ação dos vândalos. Neste sábado, 13, as tábuas de proteção amanheceram com os dizeres “racist inside” (racista dentro) e “don’t open” (não abra).
https://twitter.com/rdouglasjohnson/status/1271538173131329538
Edward Colston
No mesmo 7 de junho, em Bristol, também na Inglaterra, manifestantes usaram cordas para derrubar uma estátua de bronze de Edward Colston e jogá-la em um rio que corta a cidade. Notório traficante de escravos, o comerciante britânico é considerado um benfeitor da cidade por parte da comunidade branca local por ter construído escolas, igrejas e hospitais.
Acionista da Royal Adventures into Africa (RAC), Colston foi responsável por transportar mais de 80.000 africanos para a América, dos quais cerca de 20.000 morreram durante a travessia.
Marvin Rees, prefeito de Bristol, que é negro, afirmou não apoiar “danos criminais”, mas compreendeu a atitude. “Não posso fingir, como filho de um migrante jamaicano, que a presença da estátua de um comerciante de escravos no meio da cidade não fosse uma afronta pessoal a mim e a pessoas como eu”, disse, em entrevista à emissora Sky News.
This happened a few moments ago.
The Edward Colston statue has been pulled down. pic.twitter.com/E0BUxVHonc— BBC Radio Bristol (@BBCRB) June 7, 2020
A #BLM protest in Bristol, U.K., has pulled down a statue of Edward Colston, a 17th-century slave trader, dragged it through the streets and thrown it in the river. pic.twitter.com/MxDGH05wuB
— Alexander Quon (@AlexanderQuon) June 7, 2020
Cecil Rhodes
Em 9 de junho, uma pequena multidão se reuniu na Universidade de Oxford, no Reino Unido, para pedir a retirada da estátua de Cecil Rhodes, fundador da antiga colônia britânica da Rodésia, atual Zimbábue.
https://twitter.com/Dlrdrk1/status/1270385841492369408
Robert Milligan
No mesmo dia, a estátua de Robert Milligan também foi depredada. Comerciante de escravos, ele foi um dos fundadores das Docas das Índias Ocidentais, em Londres, companhia que detinha o monopólio da importação de produtos daquela região.
O monumento, que estava em frente ao Museu das Docas, foi retirado pela instituição. “Neste momento em que o movimento Black Lives Matter demanda o fim de monumentos públicos que celebram donos de escravos, a defesa da remoção da estátua de Robert Milligan por sua ligação com a violência colonial e exploração é ainda mais importante”, afirmou a direção, num comunicado. “O museu reconhece que o monumento é parte de um regime problemático maior de embranquecimento da história”.
Progress.pic.twitter.com/HK92r1LI7x
— b.exe (@bexin2d) June 9, 2020
Matthias William Baldwin
Em 10 de junho, a estátua de Matthias William Baldwin, na Filadélfia, foi pichada com as palavras “assassino” e “colonizador”. Importante construtor de locomotivas, Baldwin foi responsável por impulsionar projetos ferroviários em diversos países.
Rioters in Philly deface a statue of Matthias Baldwin, an early abolitionist who fought against slavery 30 years before it ended. pic.twitter.com/1HKrDusPBh
— Ian Miles Cheong (@stillgray) June 11, 2020
Jefferson Davis
Outro ato de vandalismo ocorrido no dia 10 de junho foi registrado contra a estátua de Jefferson Davis, derrubada em Richmond, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Davis foi presidente do Exército Confederado, que defendia a manutenção da escravidão na mesma Guerra Civil retratada em …E o Vento Levou.
BREAKING: The Jefferson Davis statue on Monument Ave. has been pulled down tonight, this video is from a person in the area who tells me police are now on scene. @8NEWS
(Explicit language warning) pic.twitter.com/maZ2YxklLk— Nick Conigliaro (@NConigliaroNews) June 11, 2020
Rei Leopoldo 2º
Na quinta-feira, 11, uma estátua do Rei Leopoldo 2º, que governou a Bélgica de 1865 a 1909, foi coberta de tinta e incendiada em Bruxelas. Ele é acusado da morte de milhões de africanos durante a colonização do Congo Belga.
Leopold II voorgoed van zijn sokkel #atvnieuws #LeopoldII #Ekeren https://t.co/0WWrlkuEYT pic.twitter.com/Qrdnj0tyVT
— atv.be (@atvbe) June 9, 2020
Padre António Vieira
Na madrugada do dia 11 de junho, manifestantes picharam a estátua do Padre António Vieira, instalada no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, com a palavra “descoloniza”. Um dos mais influentes jesuítas do século XVII, António Vieira viveu muitos anos no Brasil, onde empenhou-se na catequização dos índios.
Estátua do Pe. Antônio Vieira vandalizada.
O inferno são os ideólogos. pic.twitter.com/1OupzY5C2W
— Contra os Acadêmicos (@Contracademicos) June 11, 2020
Cristóvão Colombo
Um alvo frequente dos manifestantes são as estátuas de Cristóvão Colombo. O navegador genovês, responsável por liderar a frota de europeus que primeiro pisaram na América, em 1492, foi “incendiado e atirado em um lago” em Richmond, “decapitado” em Boston e “derrubado” em Saint Paul, Minnesota.
Para os manifestantes, Colombo simboliza o “genocídio dos povos americanos nativos, além de ser um retrato da violenta colonização europeia no continente”.
Richmond:
A statue of Christopher Columbus has been pulled down, set alight and thrown in a lake by protesters in Richmond, Virginia.
Latest news from the US here: https://t.co/rRinmR8igE pic.twitter.com/qcDzep8WBS
— Sky News (@SkyNews) June 10, 2020
Boston:
A Christopher Columbus statue in Boston was beheaded overnight https://t.co/oZVRStbQAc pic.twitter.com/ZxQqAlYcTl
— philip lewis (@Phil_Lewis_) June 10, 2020
Saint Paul:
NEW: Protesters yank down Christopher Columbus statue outside Minnesota State Capitol in St. Paul. https://t.co/uL6qM3U0jO pic.twitter.com/g2gEiUllg5
— ABC News (@ABC) June 10, 2020
No Brasil, um abaixo-assinado pede a retirada da estátua do bandeirante Manoel Borba Gato, localizada no bairro Santo Amaro, em São Paulo. Os bandeirantes – entre eles Raposo Tavares, Fernão Dias, Cardoso de Almeida, Anhanguera e outros vários nomes que batizam ruas e rodovias paulistas – foram responsáveis por desbravar o interior do Estado e são acusados de escravizar povos indígenas durante essas incursões.
“Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do bandeirante Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra”, escreveu o jornalista e historiador Laurentino Gomes, no Twitter. “Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”.
https://twitter.com/laurentinogomes/status/1270029722974633987
Num trecho do livro 1984, George Orwell descreve as ações do governo totalitário sob o comando do Grande Irmão: “Todos os registros foram destruídos ou falsificados, todos os livros foram reescritos, todos os quadros foram repintados, todas as estátuas, todas as ruas, todos os edifícios foram renomeados, todas as datas foram alteradas”. Por sorte, aqueles que hoje buscam censurar o passado, não serão lembrados nem como asteriscos nos livros de história.
Como escreveu J.R. Guzzo em seu mais recente artigo publicado na revista Oeste, “coragem não é enfrentar com risco de vida, como Churchill, a Alemanha nazista e invencível. É censurar …E o Vento Levou”. Ou destruir estátuas.
[…] também: “Uma tentativa de censurar o passado”, artigo de Branca Nunes publicado em […]
E eu que pensava que só no Brasil o passado é incerto…
São militantes radicais e analfabetos, querem reescrever a história baseados em conceitos atuais sem levar em conta a contextualização da época. A grande maioria não sabe quem são os personagens, vão simplesmente na onda da quebradeira. Uma estupidez praticada por bestializados, incentivada, inclusive, por historiadores que envergonham a profissão.
Todos os atos de vandalismo são crimes,e seus autores,tem que serem punidos.
Mas para certos meios de impressa,e assim;
Ato de vandalismo da esquerda,protesto democrático.
Ato de vandalismo da direita,ato anti democrático.
Estamos vivendo a idiotização de esquerda