O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, Plínio Valério, disse que a CPI avalia convocar representantes de três grupos do terceiro setor. Convocados são obrigados a depor.
A CPI entra agora em uma segunda fase, a qual vai inclusive quebrar sigilos de organizações.
De acordo com Valério, estão em análise as ONGs Icmbio, Instituto Socioambiental, o ISA, e a Fundação Amazônia Sustentável.
O relator da CPI, Marcio Bittar (União Brasil-AC), disse que, além das ONGs citadas por Valério, há uma lista com 20 organizações na mira da CPI.
Bittar reiterou que a principal suspeita é que as ONGs estão se utilizando da estrutura do Estado, “infiltrando as instituições para fazer valer uma agenda de interesses das próprias ONGs e de outros entes, principalmente entes estrangeiros, sejam governos, sejam empresas”.
“As ONGs formaram uma rede de atuação, com financiamento externo”, constatou Bittar. “Elas atuam em conjunto. Também já notamos que há uma forma de operar para evitar a supervisão dos órgãos de controle do Brasil. A segunda fase deve se concentrar na análise mais detida e minuciosa da atividade das ONGs que apareceram nos depoimentos ou que percebemos uma proeminência delas na documentação recebida.”
Primeira fase da CPI das ONGs
A primeira fase da CPI das ONGs ouviu lideranças indígenas que denunciaram suposta exploração de comunidades, especialistas em Amazônia, como Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa, e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente.
No depoimento mais recente da CPI, Salles revelou a existência do que seria um esquema entre ONGs, veículos de comunicação, governo e universidades.
De acordo com Salles, servidores simpáticos a ONGs trabalham em diferentes governos. Depois de um tempo, passam a atuar nas universidades para produzir trabalhos a favor do terceiro setor, e aqueles que estavam nas faculdades vão para o governo.
“É uma ciranda”, constatou Salles, durante depoimento na CPI das ONGs. “Uma ciranda na qual um assina cheque para o outro e legitima o discurso do colega (…) Ora atuam nos governos, ora nas universidades. Um dá dinheiro ao outro e cava oportunidade para o outro.
Conforme Salles, quem está no governo se dedica a mandar dinheiro para a pesquisa do colega que está na academia. “O colega que está na academia produz estudos para sustentar a visão política dos que estão no governo e interesses econômicos daqueles que se dizem defensores de ‘causas relevantes’.”
Leia também: “Picaretas da Amazônia”, reportagem publicada na Edição 91 da Revista Oeste