Usando a estratégia de que a melhor defesa é o ataque, presidente repassou seu histórico com o agora ex-ministro da Justiça e negou querer interferir em investigações da Polícia Federal
Em coletiva realizada no Palácio do Planalto nesta sexta-feira à tarde, o presidente Jair Bolsonaro desmentiu as acusações feitas mais cedo pelo agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Segundo o ex-juiz federal, Bolsonaro quis demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicado de Moro para o cargo, porque ele não repassava informações sobre as investigações realizadas pela corporação nem permitia que o presidente interferisse nelas.
“Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso”, irritou-se Bolsonaro. “Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro.”
De acordo com a explanação presidencial, Valeixo reclamava de estar cansado do cargo desde janeiro e, por isso, pediu para ser retirado da função. “Ontem conversei com o Moro”, contou. “E avisei que a demissão sairia hoje no Diário Oficial, a pedido. Mas ele relutou e disse que nome de substituto tinha de ser dele.” O presidente, então, teria sugerido um sorteio entre nomes que ambos propusessem ou até mesmo uma conversa para que chegassem a um consenso. No fim da discussão, Bolsonaro relembrou que a escolha era uma prerrogativa dele e que queria um delegado com quem pudesse interagir como acontece com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por exemplo. “Você pode trocar o Valeixo, sim, depois que o senhor me indicar ao STF”, teria então retrucado Moro. Ao que o presidente teria respondido: “Reconheço suas qualidades, mas não troco. É desmoralizante para um presidente ouvir isso, mais ainda você externar ou sugerir”.
Antes de chegar a essa acusação, Jair Bolsonaro usou o começo da coletiva para contar sua história com Sergio Moro. Segundo ele, os dois se conheceram no começo de 2017, quando o ex-juiz já era uma estrela da Operação Lava Jato, e ele, apenas um deputado “desacreditado”. Por isso mesmo, num primeiro encontro, Moro teria praticamente ignorado Bolsonaro. A história só mudaria, de acordo com o presidente, depois que ele levou a facada e venceu o primeiro turno das eleições. “O Moro entrou em contato, mas eu não quis me aproveitar da fama dele para me eleger; então, preferi não falar com ele naquele momento.”
O reencontro só aconteceu após a eleição, junto ao já escolhido ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Ele não participou da minha campanha”, frisou Bolsonaro. “E, quando veio para a equipe de governo, recebeu sinal verde como todos os outros ministros. Autonomia não é soberania”.
Quando foi escolher a equipe da PF, o presidente disse que permitiu a influência do ministro por confiar em Sergio Moro, ainda que tenha estranhado: “Será que os melhores quadros da Polícia Federal estavam em Curitiba?”.
Mostrando-se arrependido, o presidente disse que só tentou interferir em uma investigação da PF: na que questionava se o filho Renan tinha namorado a filha de um suspeito do caso Marielle Franco. (“O sargento foi interrogado em Mossoró e disse que não, porque a filha sempre morou nos Estados Unidos.”) Mas questionou por que o ex-ministro da Justiça jamais, segundo ele, se importou em descobrir quem mandou matá-lo ou por que tentaram dizer que ele havia aberto o portão do condomínio onde mora no Rio de Janeiro para um suspeito de ter matado a ex-vereadora (o que o fez também trocar um superintendente da PF).
Depois de tergiversar sobre os mais variados assuntos que nada tinham a ver com a demissão do ministro, Bolsonaro acabou por dizer que não precisava blindar ninguém e que jamais faria isso. Voltando ao velho tom de capitão, avaliou: “Não tenho que pedir autorização a ninguém para trocar um diretor ou qualquer outro na PF”.
E terminou dizendo que, de fato, sua relação com Sergio Moro já não estava boa, tendo pressionado o ex-juiz na última reunião ministerial para que interviesse no que chamou de abuso de autoridade dos Estados e municípios no direito de ir e vir das pessoas no caso do confinamento social devido ao coronavírus. “A resposta dele foi o silêncio. A decisão dessas medidas coercitivas cabe aos respectivos governadores e prefeitos, assim decidiu o STF. Prefeitos e alguns governadores em cima disso estão cometendo tremendos absurdos e o governo federal tem que se posicionar. O STF tem que entrar com ações [sic] e quem tem que fazer isso? O presidente ou o ministro da pasta responsável?”
Por fim, o presidente deixou claro que Moro não compactuava com posições que ele acredita serem cruciais de seu governo, como a questão pró-armamentista e a antiaborto: “Aquilo que defendi durante a campanha, os ministros têm obrigação de estar junto comigo”.
Encerrou sua longa defesa com uma provocação ao ex-juiz, que sempre disse se preocupar em manter limpa a história de sua vida profissional: “Nós, ministro, temos algo mais importante que nossa biografia. É o bem-estar do seu povo, é o futuro desta nação. Vamos levar, no sentido figurado, muito tiro na cara, mas vamos cumprir a missão”.
Tanto o Moro quanto o Bolsonaro tem defeitos e qualidades . O que não podemos é entrar no jogo de ter que destruir um ou outro . É o que os esquerdista corruptos estão esperando. Vida que segue! Brasil em primeiro lugar!
O Ministro saiu. O vírus ainda não. Que tal cuidarmos dele ?
Retifico o que escrevi acima , visto que após o print de uma conversa particular entre Moro e Carla Zambelli, ter sido divulgado por ele ,justamente para a Globo ou que fosse para qualquer meio de comunicação , me decepcionou profundamente e tenho sérias dúvidas do caráter moral dele. Espero o desenrolar dos acontecimentos, para voltar a acreditar no Papai Noel
Nem precisei ler a notícia toda pois assisti o pronunciamento, porém rechaço, a declaração do presidente de que Moro teria pedido para deixar Valeixo até novembro para depois ser nomeado para o STF . Moro nunca faria essa proposta. Confio na integridade dele.