Câmara municipal de São Paulo adianta feriados para ampliar confinamento social

Bruno Covas antecipou o Corpus Christi e a Consciência Negra para estas quarta e quinta-feiras. Doria tenta trazer feriado de 9 de Julho para próxima segunda

A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou projeto do prefeito Bruno Covas de antecipar os feriados de Corpus Christi (que ocorreria em 11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) para estas quarta e quinta-feiras. Na sexta, a prefeitura decretou ponto facultativo na cidade.

Além disso, o governador João Doria tenta, junto à Assembleia Legislativa do Estado, algo parecido para o feriado da Revolução Constitucionalista, que passaria de 9 de julho para a próxima segunda-feira.

Assim, ambos conseguiriam um feriado prolongado com cara de lockdown disfarçado, já que, segundo dados do governo, o confinamento aumenta durante os finais de semana e feriados.

Teríamos aí um período de quarta, quinta, sexta, sábado e domingo onde a gente poderia atingir os índices que nós atingimos no dia de ontem, domingo, quando nós tivemos 56% de isolamento social aqui na cidade”, disse Covas, antes mesmo do projeto ser aprovado.

Aberração, o projeto do prefeito foi aprovado dentro de outro, que nada tem a ver com a questão do coronavírus e do confinamento, mas que seria votado nesta tarde, o que oferece emprego para mulheres vítimas de violência doméstica.

Mudanças em outros municípios

Segundo o governador, a antecipação de datas dos feriados deveria ser adotada por outros municípios da região metropolitana de São Paulo. “Ficou claro que ao longo dos finais de semana e dos feriados, nos últimos 56 dias, nós temos índices mais elevados de isolamento e isto contribui para o controle da pandemia”, afirmou, sem apresentar nenhum dado que comprove o fato cientificamente, como gosta de alardear, Doria. “Portanto, com essa decisão, nós teremos um período mais prolongado de feriados, e com isso, desejamos que possamos ter índices semelhantes aos demais feriados e finais de semana”.

O prefeito de São Paulo disse que a medida é uma forma de salvar vidas – esquecendo-se das pessoas que, sem trabalhar, já começam a passar fome na periferia da cidade – e que todos devem se preparar para uma tarefa gigantesca e inédita. “Precisamos ser criativos e usar todos os instrumentos que estão ao nosso alcance.”