Decreto presidencial torna descabida qualquer medida do Judiciário contra Silveira, afirma jurista

O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou aplicação de multa ao deputado por descumprimento do uso da tornozeleira eletrônica

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Alexandre de Moraes é ministro do Supremo Tribunal Federal | Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Alexandre de Moraes é ministro do Supremo Tribunal Federal | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na terça-feira 3 a aplicação de multa de R$ 405 mil ao deputado federal Daniel Silveira por descumprimento do uso da tornozeleira eletrônica. Ainda, no entendimento do magistrado, o deputado teria violado outras proibições, como as de participar de eventos públicos e conceder entrevistas.

Para Ivan Sartori, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Silveira não deveria ser submetido nem ao uso de tornozeleira nem à pena de multa. “Já existe o perdão, o deputado Daniel Silveira é um homem livre”, disse o ex-juiz. “Esse enfrentamento, com todo o respeito, não faz bem para a democracia.”

Sartori explica que não há previsão legal para adoção de multa em caso de descumprimento do uso de tornozeleira. “Não existe isso na legislação. O que restava ao Supremo era arquivar o processo porque ele não tem mais nenhuma serventia diante da extinção completa da punibilidade”. Segundo o ex-juiz, o indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro anula a possibilidade de punição ao deputado: “É evidente que o decreto presidencial torna descabida qualquer medida que o Judiciário possa tomar contra o Daniel Silveira.”

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O jurista Dircêo Torrecillas Ramos, membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas, afirma que a decisão de Moraes de aplicar multa ao deputado não tem fundamento constitucional. “A graça foi dada pelo presidente de maneira incondicionada e independente do trânsito em julgado, como está nos parágrafos segundo e terceiro do decreto presidencial”, disse Dircêo.

Para o jurista, a decisão do ministro Alexandre de Moraes desrespeita o inciso 54 do artigo 5º da Constituição Federal, que diz que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. “O ministro mandou bloquear bens do deputado, impôs uso de tornozeleira, proibiu Silveira de participar de eventos públicos, determinou multas”, explicou Dircêo. “Só que o decreto extingue a punibilidade, tem alcance amplo, e é expresso com relação à pena e aos efeitos da pena”.

Nesta quarta-feira, 4, o deputado federal Daniel Silveira se recusou a cumprir decisão do ministro Alexandre de Moraes para se apresentar à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal e substituir a tornozeleira eletrônica por um novo dispositivo. Dircêo entende que o deputado não pode ser preso em caso de descumprimento da decisão judicial. “A Constituição Federal protege o deputado”, disse o jurista. “O presidente agiu em sua competência privativa no exercício de uma função do poder soberano. O presidente corrigiu para fazer justiça, concedendo o perdão das penas e de seus efeitos.”

Graça presidencial é ato soberano

Os juristas Adilson Abreu Dallari, Dircêo Torrecillas Ramos, Fernando Azevedo Fantauzzi, Ivan Sartori, Ives Gandra Martins, Janaina Paschoal, Mariane Andreia dos Santos, Modesto Carvalhosa, Samantha Ribeiro Marques e Sérgio de Azevedo Redó divulgaram na última quinta-feira, 28, uma nota conjunta em que afirmam que o indulto individual concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) é um ato soberano, respaldado pela Constituição Federal.

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27 comentários Ver comentários

  1. O presidente continuará dando um SHOW de política , deixando que seus perseguidores estiquem a corda e se enrolem na corda da opinião pública.

  2. O que faz essa criatura continuar infernizando a vida do deputado Daniel Silveira? Será que está sem juízo, como o Lula? Olha, se isso continuar, não acredito que vá terminar bem!

  3. Quem legisla é a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Se o ministro Alexandre de moraes não está satisfeito com sua função de aplicar a CF, que se candidate a uma cadeira do legislativo.

  4. O Xandão não é o cara que de fato quer que as coisas deem errado para o atual governo central e faz de tudo para afetar o próprio PR, sua família e apoiadores. Ele quer isso tbm, é claro, na verdade ele é a ponta da linha, a estagiária de luxo que corre atrás de todas essas loucuras. O que seria interessante descobrir é quem de fato é seu dono, quem manda ele fazer toda essa sujeirada pra lucrar lá na frente.

    1. Silvio, ele sabe que não dura muito o ativismo dele, por isso estica cada vez mais, assim logo pode aproveitar a vida num paraíso fiscal onde depositam os milhões para ele.

    1. Parece bem claro que o tresloucado Moraes mandou o indulto às favas. Não vê quem não quer.
      Juristas falaram o óbvio: o decreto é soberano, tem que ser cumprido. Não é o que vemos. Nada foi cumprido, Moraes segue desrespeitando a graça e punindo o Daniel de todo jeito possível.
      E isso precisa da ação definitiva das Forças. Não há outro caminho para o país retomar a ordem jurídica.

      1. Este lixo ñ reciclável, cabeça de ovo mostra o que tem no cérebro, e ñ é gema e clara.É algo fétido.

  5. Está se tornando insuportável os ataques a constituição e bem veremos que acontecimentos desta natureza vão de caminho a uma intervenção (ART 142) e outros a de vir o que não é bom, é hora de usar os pesos certos ou vira uma bagunça

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