O senador Cid Gomes (PSB-CE) rompeu com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT-CE), depois de 18 anos de aliança. A decisão foi tomada em uma reunião na sexta-feira 15, em Fortaleza. O motivo principal seria o acúmulo de poder do PT no Estado, conforme relatou o site O Otimista.
O movimento de Cid Gomes alinha-se à postura crítica de seu irmão, Ciro Gomes (PDT-CE), que tem se posicionado de forma contrária ao PT. Em julho, Ciro declarou ao UOL: “O PT é hoje o mal maior do Ceará”, evidenciando a discordância com a condução política do partido no Estado.
A insatisfação de Cid intensificou-se com a escolha de Fernando Santana (PT-CE) como candidato do governo para a presidência da Assembleia Legislativa. Gomes defendia que o cargo deveria ser ocupado por um representante de outro partido da base, particularmente o PDT, partido ao qual sua irmã, a deputada estadual Lia Gomes, é filiada.
Atualmente, a Assembleia Legislativa do Ceará é composta por 46 deputados, dos quais nove são do PT. A base de apoio do governador Elmano é ampla, integrando partidos de centro e esquerda, o que reduz a possibilidade de resistência à indicação de Santana.
A decisão de ruptura
Evandro Leitão, que atualmente preside a Assembleia, está de saída para assumir a Prefeitura de Fortaleza em janeiro de 2025. Leitão, que se elegeu deputado pelo PDT em 2022, mudou para o PT em dezembro do ano passado.
A decisão de ruptura foi tornada pública pela deputada Lia Gomes, que ressaltou a falta de espaço para negociações como um fator crucial. Ela afirmou que seu irmão, Cid, “não se sente mais do grupo”, indicando um afastamento gradual das práticas políticas do PT no estado.
Até o momento, a assessoria de Cid Gomes não emitiu declarações oficiais sobre o rompimento, e os representantes do governo estadual também não se pronunciaram.
Ciro e Cid Gomes acreditam em “ditadura” do PT no Ceará
O desconforto no PDT cearense ficou evidente com a decisão de apoiar André Fernandes (PL-CE), candidato da direita, no segundo turno das eleições municipais em Fortaleza.
Esse apoio foi justificado como uma oposição ao que os críticos chamam de “ditadura” do PT no Estado, uma visão compartilhada por Ciro Gomes e seus aliados. Apesar dessa estratégia, o PDT obteve um resultado modesto nas eleições de outubro, elegendo apenas cinco prefeitos em cidades de menor expressão.
Apesar do desgaste político e da derrota em sua cidade natal, Sobral, Cid Gomes continua a ser uma figura influente no cenário político cearense. O PSB, partido liderado por Cid, conquistou a liderança ao eleger 65 prefeitos em 2024, superando o PT, que elegeu 47.
Ministro da Educação minimiza divergências
Em meio a essas tensões, Camilo Santana (PT-CE), atual ministro da Educação e ex-governador do Ceará, minimizou as divergências, considerando-as normais no contexto político. Santana expressou apoio à reeleição de Cid Gomes ao Senado em 2026.
Elmano de Freitas, que tem vínculos políticos com a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE), pertence a uma ala do PT que historicamente tem divergido da família Gomes. Essa divisão interna no PT cearense pode influenciar o cenário político futuro do Estado.
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