Parlamentares da oposição anunciaram, nesta quarta-feira, 12, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a “milícia digital do PT”. Conforme o líder da oposição na Câmara, Felipe Barros (PL-PR), o grupo seria comandado pelo ministro extraordinário do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, que comandava a Secom há poucas semanas.
O requerimento da CPI se baseia em reportagens do jornal O Estado de São Paulo, que denunciaram uma estrutura financiada com dinheiro público que tem influenciadores para atacar e descredibilizar a oposição e cidadãos que faz críticas ao governo, além de atacar a imprensa profissional.
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O documento já conta com pouco mais de 60 assinaturas das 171 necessárias para ser protocolado. Conforme Barros, a estrutura foi criada na campanha presidencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem sido usada pela Secom depois da disputa. “O chefe é o ministro Paulo Pimenta”, disse o parlamentar.
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Além do pedido da CPI, a oposição encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma representação pedindo a inclusão das denúncias no inquérito das milícias digitais e acionou o Tribunal de Contas da União.
Planalto despacha com o PT para pautar redes e influenciadores governistas, diz jornal
Na segunda-feira 10, o Estadão noticiou que membros da Secom realizam reuniões diárias com equipes do PT para definir temas e abordagens a serem usados nas redes sociais do partido. Influenciadores pró-governo também são ocasionalmente convocados para briefings sobre assuntos de interesse do governo.
Segundo o jornal, tais reuniões ocorrem virtualmente, por volta das 8 horas, e incluem assessores da Secom, do PT nacional, e dos gabinetes das lideranças do partido na Câmara e no Senado. Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido, revelou em dezembro que o objetivo é “pautar as redes que o PT alcança”. Ele destacou:
“Às 8 horas da manhã tem um pedacinho do povo do PT, da delegação nacional, junto com o pessoal da Câmara, da liderança do PT, junto com o Senado, junto com a Secom do governo Lula”, enumerou. “É feita uma chamada reunião de pauta. O que é uma reunião de pauta? O que vamos abordar hoje”.
Influenciadores e estratégia digital
Uma rede de páginas e perfis governistas tem se destacado na defesa do presidente Lula (PT). Esse grupo promove ataques coordenados a críticos ao governo na tentativa de desqualificar a imprensa.
A relação direta entre governo e partido com esses influenciadores sugere que suas ações digitais são orientadas diretamente pelo Planalto, conforme o Estadão. Não há registros de repasse de verba pública para esses influenciadores.
Durante a tragédia no Rio Grande do Sul, PT, governo e influenciadores trabalharam para desmentir o que classificam como fake news, incluindo críticas políticas e reportagens da imprensa. O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e a família Bolsonaro também foram alvo de perfis ligados ao governo.
O jornal compara a estratégia atual com aquilo que a própria esquerda chamava de “gabinete do ódio” da gestão Jair Bolsonaro (PL).
Participação da Polo Digital Marketing
Desde 2021, integrantes de uma agência de comunicação que presta serviços ao PT participam das reuniões matinais. A Polo Digital Marketing, liderada por sua sócia Clarisse Chalréo, conduziu o grupo de WhatsApp “gabinete da ousadia” durante a campanha de 2022. Clarisse confirmou sua participação nas reuniões, mas não forneceu detalhes sobre os assuntos discutidos.
A Polo mantém um contrato com o PT no valor de R$ 117,7 mil mensais, pagos com recursos do Fundo Partidário. A equipe da Polo conta com pelo menos 19 profissionais, incluindo coordenadores, redatores, especialistas em redes sociais e produtores de vídeo.
Declarações finais de Jilmar Tatto
A existência da reunião diária entre a Secom e comunicadores do PT foi exposta pelo deputado Jilmar Tatto (PT-SP), que é secretário nacional de comunicação do partido. Ele afirmou aos correligionários que o trabalho de comunicação “para fazer disputa política com nossos adversários” é baseado em “metodologia, ciência, expertise” e que “não é de graça”.
Tatto confirmou que as reuniões diárias mobilizam as principais estruturas de comunicação do partido, mas ressaltou que a participação da Secom, de Paulo Pimenta, ocorre “às vezes, dependendo do horário”.
Ele admitiu que influenciadores são eventualmente convidados: “Às vezes, quando tem necessidade, a gente convida um (influenciador) ou outro”, disse. “A gente já fez reuniões com eles, se conecta com eles. Tenta manter um canal. Mas a gente não conseguiu ainda ter um padrão de funcionamento com eles.”
O deputado explicou que o objetivo é fortalecer a relação com influenciadores para que eles sigam a pauta de interesse do governo e do partido. Ele exemplificou temas tratados:
“Destaque do dia: tragédia no Rio Grande Sul, balanço das ações; divulgação Copom/Selic, Novo PAC Seleções; tragédia no Sul, com foco na questão das fake news; pesquisa Quaest, aprovação do governo”.
Parte da atuação dos influenciadores consiste em convocar mutirões contra adversários ou a favor de governistas. O humorista Whindersson Nunes, por exemplo, e a imprensa são alvos frequentes das críticas, especialmente quando expõem erros ou omissões do governo.