O rompimento velado da relação entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), antecipou a disputa pelas eleições na Casa legislativa. Ainda faltam 10 meses para o pleito, que ocorrerá em fevereiro de 2021, no retorno às atividades parlamentares, mas os movimentos políticos estão sendo adotados.
As cartas estão sobre a mesa, as peças sobre o tabuleiro de xadrez. Qualquer uma das duas analogias vale para o que ocorre, atualmente, na política nacional. O fato é que, para desidratar os poderes de Maia, Bolsonaro precisará contar com o apoio de caciques do Centrão. Entre eles, seu líder na Câmara, Arthur Lira (AL), personagem chave para o governo.
O motivo é o simples pragmatismo político. Lira quer a presidência da Câmara. Bolsonaro quer enfraquecer Maia. Para isso, o presidente da República precisa elevar seu poder na Casa. O meio informal de conseguir isso é por meio da rede de influência do deputado alagoano.
A expectativa de Bolsonaro é elevar as apostas até ter as “cartas” certas. Para isso, o presidente sabe que não pode blefar, com Maia ou o Centrão. Se for estratégico e o sucesso nas articulações vir na medida, é possível superar o poder do presidente da Câmara com um “royal straight flush” (a mão mais valiosa do pôquer).
Xeque-mate
Já o interesse de Lira é dar o “xeque-mate” em Maia e superar a disputa com o candidato do demista à presidência da Câmara, o correligionário Aguinaldo Ribeiro (PB), líder da Maioria. O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, denunciou a existência de conversas anti-republicanas para Maia permanecer por mais dois anos no comando da Casa, mas essa hipótese é rechaçada pelo DEM.
Nos últimos 15 dias, Lira e Bolsonaro se encontraram em duas ocasiões no Palácio do Planalto. O líder do bloco composto pelos partidos centristas PL, PP, PSD, MDB, DEM, Solidariedade, PTB, PROS e Avante — daí o popular nome Centrão, em referência ao tamanho do bloco — e o presidente da República são velhos conhecidos, mas não amigos.
Os dois se conhecem desde quando Bolsonaro era deputado federal. Foram colegas de Câmara por oito anos. Neste período, foram correligionários por cinco anos, quando o presidente da República era filiado ao PP, seu partido mais longevo. Em 2019, a relação entre ambos não foi das melhores, até por críticas de sua articulação política a Lira. Oeste mostrou alguns detalhes disso.
Neutralidade
A reaproximação dos dois é, assim, uma via de mão dupla. Entretanto, não significa que Bolsonaro apoiará a candidatura de Lira à presidência. Isso não faz parte das conversas. Tampouco é do interesse do próprio líder do Centrão e do PP. A tendência é que a cordialidade e a parceria permaneçam, mas sem o apoio formal ao alagoano. De toda forma, os diálogos e instrumentos adotados agora pela articulação governista potencializarão, ainda que informalmente, o congressista.
Em 2021, a tendência é o governo orientar a neutralidade na disputa. Antes das conversas com Lira, o candidato governista era o presidente nacional do MDB e primeiro-vice-líder do Centrão, Baleia Rossi (SP). Desde agora, o Executivo não quer se indispor com um, nem com outro. Também não deve sinalizar apoio a uma possível candidatura de Daniel Coelho (Cidadania-PE), um dos favoritos por aliados da ala “bolsonarista” do PSL.
Bem,existe um processo engavetado contra o Botafogo na PGR,isso quando a Raquel Dodge era PGR,foi ela quem engavetou,escolhida por Temer.
Temer que e muito amigo do sogro do Botafogo.
Um PGR escolhido pelo Presidente enquadrar o presidente da câmara dos deputados,não e bom para as pautas do executivo,se o Botafogo não conseguir a reeleição,e um caminho livre.
Esses pontos eu coloquei,sendo bem realista,pois e assim que funciona,nessa república suja!
E dá para confiar neste Lira?????
Corrigindo: ” as cartas e as peças do xadrez estão SOBRE as mesas ” .Não dá pra jogar cartas ou xadrez sob a mesa, dói as costas. Prestem atenção na revisão, se houver revisão claro!
Parabéns pela matéria, muito esclarecedora e imparcial na análise.
Muito esclarecedora a matéria, parabéns.
Ótima matéria! O meu pensamento ao ler determinados trechos é que político não dá ponto sem nó. A crítica de Maia a Bolsonaro no domingo. As manifestações de Roberto Jefferson essa semana já começaram esse movimento de esvaziamento do poder de Maia. A reação dos apoiadores nas redes sociais – a hashtag #MaiaInimigodobrasil. As engrenagens já estão em movimento. Enfim, espero que o governo recupere mais governabilidade para implementar as boas iniciativas que vem propondo.