Um relatório do Ministério da Justiça de setembro de 2023, antes de Flávio Dino ir para o Supremo Tribunal Federal, concluiu que houve falta de manutenção em estruturas do Presídio Federal de Mossoró (RN). Cinco meses depois, em fevereiro deste ano, dois criminosos do Comando Vermelho escaparam da prisão.
De acordo com o documento da Divisão de Inteligência da penitenciária (Dint-Mos), uma pequena porta de acesso a um shaft (duto) estava destrancada por causa de ferrugens. Essas estruturas, que ficam atrás de luminárias das celas, foram o meio de fuga dos dois detentos.
“A princípio, deduziu-se que a portinhola do shaft estava aberta em razão de esquecimento”, afirmou a Dint-Mos, em texto. “Entretanto, percebeu-se que o motivo da impossibilidade de trancar a grade foi decorrente da corrosão existente na porta.”
O documento também aponta que “caso algum dos presos ouse retirar a luminária de suas celas terá acesso à área externa de segurança máxima da Penitenciária Federal de Mossoró”.
Até o momento, os dois bandidos não foram recapturados.
Fuga em Mossoró: dupla ficou pelo menos um mês sem passar por revista
A dupla que fugiu da Penitenciária de Mossoró passou pelo menos 30 dias sem revista nas celas. A conclusão partiu da corregedoria da Secretaria Nacional de Políticas Penais, que abriu uma investigação contra dez servidores.
A secretaria, por meio de uma Investigação Preliminar Sumária, mostra que a fuga possivelmente aconteceu como consequência de falhas de procedimentos. Os detentos Rogério da Silva Mendonça, o Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como Tatu ou Deisinho, já estão há mais de 40 dias fora da prisão.
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De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o tempo de permanência da Força Nacional na cidade para a realização das buscas não será renovada. Ou seja, agora, a procura partirá das forças locais e terá o auxílio de membros da Inteligência da polícia.
Falhas na Penitenciária Federal
Conforme a investigação, os presos fugiram por meio de um buraco na luminária de suas celas. A falta de fiscalização possibilitou que eles utilizassem uma espécie de chapa de 20 cm para abrir o buraco e fugir do local. Além disso, as câmeras de vigilância estavam inativas e havia cercas elétricas danificadas.
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No tempo em que estão foragidos, Martelo e Deisinho já mantiveram uma família como refém. Os presos se esconderam em uma propriedade rural e agrediram um homem na zona rural de Baraúna, município do oeste potiguar que se limita a Mossoró. Os investigadores dizem acreditar que os bandidos estejam em uma caverna na região. Segundo autoridades, um deles estaria mancando.
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