A decisão de Nicolás Maduro de revogar o convite para observadores da União Europeia acompanharem as eleições presidenciais da Venezuela, previstas para o dia 28, aumentou a pressão sobre Lula (PT). O presidente brasileiro, aliado histórico do chavismo, é cobrado por não criticar Maduro pela perseguição à oposição, apesar de reprimendas pontuais nos últimos meses.
Desde o início de junho, o governo Lula tenta negociar com Caracas um novo convite para uma missão observadora da UE, mas enfrenta resistência da ditadura. No final de maio, o governo Maduro cancelou o convite aos observadores da UE, alegando as sanções europeias contra chavistas como justificativa.
Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, declarou que os europeus “não são gente honrada para vir a este país enquanto mantêm sanções”. No domingo 16, Edmundo González, opositor de Maduro, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que Lula deve insistir para que Maduro aceite observadores internacionais e retome o convite aos europeus.
Para auxiliares de Lula, um novo convite à UE é crucial para que o Brasil continue apoiando o processo eleitoral na Venezuela.
Acordo de Barbados e negociações diplomáticas com a Venezuela
O Acordo de Barbados, firmado entre governo e oposição venezuelana, menciona a União Europeia como um dos atores importantes para garantir eleições competitivas. Depois de mais de uma semana de negociações, a equipe de Lula avaliou que poucos avanços foram feitos e decidiu elevar o nível das conversas.
Lula telefonou para Maduro para cobrar a participação de observadores. Segundo um auxiliar, a conversa foi amena, mas Lula enfatizou a necessidade de monitoramento externo, sem mencionar especificamente a UE.
“Os presidentes também falaram sobre o processo eleitoral venezuelano”, informou o Palácio do Planalto. “Lula reiterou o apoio brasileiro aos acordos de Barbados e ressaltou a importância de contar com ampla presença de observadores internacionais.”
O governo brasileiro também espera que as sanções contra a Venezuela sejam levantadas para contribuir com um processo eleitoral confiável. A relação entre Brasília e Caracas estava em compasso de espera desde a reação crítica do Brasil ao bloqueio chavista contra a opositora Corina Yoris.
Lula criticou publicamente a exclusão de Yoris, que substituía Maria Corina Machado, também impedida de concorrer. Dois dias antes, a diplomacia brasileira expressou preocupação com o processo eleitoral venezuelano e elogiou a união da oposição em torno de Edmundo González.
Diálogo entre chavistas e oposição
Nas negociações diplomáticas, o Brasil argumenta que o diálogo entre chavistas e oposição e eleições democráticas são essenciais para que a Venezuela possa pedir a retirada das sanções. O governo brasileiro mantém articulação com a Colômbia, preocupando-se com a transparência do processo eleitoral e um possível reconhecimento do lado perdedor.
Há receio de que questionamentos ao resultado das urnas levem a conflitos internos, especialmente porque a posse presidencial está marcada para janeiro de 2025, uma janela que Brasília vê como potencialmente instável.
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