Bancadas de fora do Blocão estão atentas às nomeações feitas pelo Executivo. Suspeitam que a demissão do ex-ministro da Justiça abra as portas para negociatas antirrepublicanas
A demissão de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, vai exigir do governo muita cautela na relação com as lideranças do Centrão. Partidos de fora do Blocão estão atentos a nomeações feitas pelo Executivo e prometem fazer barulho se observarem nomes indicados por lideranças das legendas de centro ganhando espaço.
O deputado José Nelto (Podemos-GO) é um dos que estão atentos ao avanço do Centrão. “Se o Centrão entrar no governo, será para segurar a corrupção. O papel do Centrão é esse. É para segurar as investigações na Polícia Federal (PF) e o impeachment. Esse vai ser papel do Centrão, porque a fama perante a sociedade é a pior possível”, pondera.
Por esse motivo, Nelto, ex-líder do Podemos na Câmara, acredita que o estreitamento entre o governo e o Centrão será implodido e não deve prosperar. “O Centrão não entra [no governo]. Acendeu a luz vermelha. Você tem coragem de colocar uma mão na caixa de marimbondo?”, questiona.
O governo não sinaliza que vai deixar de lado as conversas com o Centrão. Afinal, isso traria um custo político alto. Nelto lembra que pagou um “preço” elevado ao romper com o Blocão em 2019. “Quando falei que não ia mais à casa do Rodrigo [Maia], que estava rompido com o Centrão, paguei o preço do isolamento político no Congresso”, comenta.
Virou um balcão de negócios. Que tristeza.