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Ilustração: Lucas Mello/Shutterstock
Edição 108

Não desprezemos as pesquisas eleitorais

Em vez de olhar a fotografia do momento, devemos assistir ao filme da corrida presidencial

Caio Coppolla

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O ano de 2018 foi péssimo para a reputação dos institutos de pesquisa. Também pudera, a um mês das eleições, logo depois do infame episódio da facada, Datafolha, Ibope e PoderData atribuíam ao então candidato Jair Bolsonaro de 24 a 26% das intenções de voto. Contrariando essas tímidas projeções, as urnas revelaram uma realidade muito distinta: com 49 milhões de votos (ou 46% dos votos válidos), o capitão reformado quase levou a eleição no primeiro turno. As pesquisas falharam em antecipar cerca de duas dezenas de milhões de votos — uma margem de erro considerável.

Tampouco os levantamentos referentes ao segundo turno ajudaram a ampliar o grau de confiança do público nas pesquisas. No fim de setembro de 2018, antes de serem conhecidos os candidatos que avançariam na disputa, o Datafolha simulou diversos cenários, cujo denominador comum era a derrota de Jair Bolsonaro para todos os contendores, inclusive seu adversário de fato, Fernando Haddad. Segundo o instituto, o poste petista contava com 45% da preferência do eleitorado, contra 39% do candidato efetivamente eleito… com 55% dos votos válidos — uma variação de 16 pontos porcentuais.
O conjunto das pesquisas raramente erra em relação a tendências
Diante de uma discrepância tão acentuada entre a realidade observada e as projeções divulgadas, muitos desacreditaram completamente as pesquisas eleitorais. Contudo, a despeito dessa disparidade e de tantas estimativas equivocadas, cumpre ressaltar que o conjunto das pesquisas raramente erra em relação a tendências — essa é a leitura mais correta desses levantamentos: observar os vieses, as inclinações e as convergências, sem maior apego aos números do momento.

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