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Edição 129

O Mercado Livre, o Mercado Pago e os pneus japoneses

Duas empresas internacionais dão a medida do avanço do Brasil

Bruno Meyer
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Há três focos de investimentos do Mercado Livre — empresa de tecnologia mais valiosa da América Latina — no Brasil. Os R$ 17 bilhões anunciados no país apenas em 2022 é um montante 70% maior em comparação aos R$ 10 bilhões aportados em 2021. “Esse investimento mostra que olhamos para o longo prazo e como a plataforma vai ser transformadora nos próximos anos”, diz Tulio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago no Brasil. Oliveira, um executivo oriundo de empresas como o PayPal e o banco Itaú, detalhou à coluna pela primeira vez o que será feito com esse vultoso investimento no país.

Olho no futuro — Tulio Oliveira, do Mercado Pago, sobre os R$ 17 bilhões no Brasil em 2022: “Esse investimento mostra que olhamos para o longo prazo” | Foto: Divulgação

A cidade do Mercado Livre

A primeira meta se centra em um aumento de equipe. “Somos uma empresa de tecnologia. Parte importante dos nossos investimentos no Mercado Livre e no Mercado Pago é para construir equipes de tecnologia”, adianta Oliveira. “Acreditamos que esse vai ser nosso grande diferencial competitivo, que permitirá entregar soluções cada vez melhores para nossos clientes.” A empresa não informa números de vagas abertas até o fim do ano, mas vai seguir recrutando profissionais, sobretudo engenheiros, no Brasil e nos 18 países em que opera na América Latina. Até dezembro, o gigante deve ter aproximadamente 16 mil funcionários por aqui — muitos deles abrigados nos centros de distribuição e na sede da empresa, em Osasco, conhecida como Melicidade. É um espaço de 33 mil metros quadrados, com 140 salas de reunião, 11 espaços de treinamento, auditórios e centenas de mesas para os profissionais da empresa. Uma verdadeira cidade em que circulam milhares de profissionais diariamente.

Cidade do Mercado — Melicidade, em Osasco: 33 mil metros quadrados para milhares de profissionais | Foto: Divulgação

Um novo banco digital…

O segundo foco de investimento do Mercado Livre atende pelo nome de Mercado Pago. Criado em 2014, ele começou como o braço de finanças do Mercado Livre apenas para viabilizar as operações financeiras entre quem comprava e quem vendia. Com o tempo,  passou a se expandir gradativamente ao status em que está hoje: um banco digital. Há duas semanas, o vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, disse que, “em 2023, a receita do Mercado Pago deve superar a do Mercado Livre, e o potencial de crescimento dessa área é enorme”.

…o primórdio da fintech… 

A afirmação mostra que o gigante do comércio eletrônico vai se expandir para se tornar um gigante do mercado financeiro, com serviços de conta-corrente, cartão de crédito, crédito e investimentos. “O Mercado Pago é uma fintech, antes mesmo de o termo fintech existir”, diz Oliveira, maior liderança da empresa no Brasil. “Quando ninguém falava de fintech, nós já fazíamos serviços de pagamentos no mundo digital”.

…e a missão de traduzir

Equipes internas estão envolvidas atualmente na missão de explicar a palavra fintech (startups ou empresas que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais) para uma massa de brasileiros que não sabe o significado da palavra. Há, nesse pacote, um forte investimento em marketing, especialmente em televisão. A ideia é mostrar que o Mercado Livre vai muito além de um robusto site de compra e venda rápida, mas também um serviço financeiro igual a um banco.

Espaço de trabalho do Mercado Pago | Foto: Divulgação

Um batalhão de vendedores…

Os milhões de vendedores do Mercado Livre foram o ponto de partida de a empresa decidir, anos atrás, se tornar aos poucos uma instituição financeira. Ter 12 milhões de vendedores em sua plataforma é um tremendo diferencial do Mercado Pago. Nesses milhões, há diferentes grupos de vendedores pelo país, como os que vendem apenas on-line dentro do site, não necessariamente usando os meios de pagamento disponibilizados pelo Mercado Pago. E também vendedores que podem anunciar na plataforma e usar os meios para receber que são disponibilizados e atualizados constantemente. Existe ainda uma terceira possibilidade: os autônomos, que somente vendem off-line, em lojas físicas. Eles conseguem usar as maquininhas do Mercado Pago e todo o sistema de integração desses pagamentos oferecido pela fintech ao sistema geral contábil que utilizam para conciliar fluxo de caixa e até logística.

…e outro de clientes

Esse mix de vendedores e pessoas físicas faz do Mercado Pago um banco digital com 38 milhões de clientes que se servem de produtos de pagamentos, crédito ou investimentos e até criptomoeda. Para efeitos de comparação, o Nubank bateu 62,3 milhões de clientes num país com uma população que tem se acostumado a ter de três a quatro aplicativos de bancos, muitos digitais, ou uma mescla de digitais com um tradicional.

O avião do Mercado

A logística é o terceiro ponto-chave dos investimentos do Mercado Livre no Brasil, sobretudo num país com dimensão continental como o nosso. “É um grande desafio”, resume Oliveira. Não bastasse isso, as empresas de varejo correm para atender a um desejo cada vez mais latente do consumidor: receber os produtos no menor tempo possível. No fim de agosto, o Mercado Livre recebeu a primeira aeronave cargueira, um Boeing 737-800, com capacidade de transportar 24 toneladas. O Boeing exibe a cor amarela e a logomarca da empresa, quatro meses após anunciar uma parceria com a Gol. Serão seis novos aviões no total até 2025. O objetivo é reduzir o prazo de entregas de nove para um dia nas regiões Norte e Nordeste. O Boeing é capaz de levar até 11 mil pacotes por voo. Fortaleza, no Ceará, São Luís, no Maranhão, e Teresina, no Piauí, foram as primeiras cidades a receber voos da parceria.

Mercado Livre recebeu a primeira aeronave cargueira, um Boeing 737-800, com capacidade de transportar 24 toneladas | Foto: Divulgação

O dinheiro vem daqui

O Mercado Livre tem DNA argentino, onde foi fundado, em 1999, mas é no Brasil em que a gigantesca empresa do bilionário comércio eletrônico nacional ganha dinheiro. Presente em 18 países do continente, o Brasil representa 53% da receita do grupo. O valor de mercado da empresa gira em torno de US$ 40 bilhões, o que a coloca como uma das mais valiosas da América Latina. Em 2021, chegou à liderança ao ultrapassar a Petrobras e a Vale. No segundo trimestre, o lucro líquido do Mercado Livre somou US$ 123 milhões, alta de 79,8%, na comparação com 2021.

*  *  * 

Longo prazo — Bridgestone no Brasil: os japoneses veem que o país avançou | Foto: Divulgação

O avanço do Brasil…

Vicente Marino, presidente da Bridgestone América Latina, justificou nesta semana o investimento de R$ 270 milhões para modernizar uma das fábricas do gigante japonês de pneus em Camaçari, na Bahia: “Quando os japoneses olham o Brasil ao longo do tempo, veem como o país avançou”.

O futuro da mobilidade — Fábrica da Bridgestone na Bahia: mais R$ 270 milhões | Foto: Divulgação

…pelos japoneses

Há um ano, a Bridgestone anunciou aportes de R$ 700 milhões para elevar a capacidade anual de produção na unidade. A empresa — responsável pelo emprego de quase 5 mil profissionais no país — quer preparar a fábrica para os veículos híbridos e elétricos.

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Leia também “Da zona norte de São Paulo para a Nasdaq”

12 comentários
  1. Sandra A. Hipolito
    Sandra A. Hipolito

    Parabéns A REPORTAGEM SOBRE MERCADO LIVRE, MERCADO PAGO, STARTUP, FINTECH..SAO INFORMACOES QUE MUITOS JOVENS EMPREGADO OU DESEMPREGADO NAO TEM ACESSO, MUITA INFORMACAO E POUCO FOCO.ESPERAMOS TIME , APARTIR OUTUBRO/22. ESPERO QUE DADOS SEJAM FIDELIZADOS..

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Não deixem o comunismo destruir esse feito

  3. Vanildo
    Vanildo

    Apesar da informação que posso compartilhar esse artigo com 2 pessoas, nunca consegui compartilhar um artigo. Já tentei compartilhar através de whatsapp e telegran. Toda vez exige que eu instalei os aplicativos, apesar de já ter os 2 aplicativos instalados.

  4. João Antônio Dohms
    João Antônio Dohms

    Já que a revista Oeste não tem um espaço específico pra críticas ou elogios ,vai por aqui mesmo !
    Assino há revista há cerca de dois anos e meio !
    Indiscutível a qualidade das matérias .
    Observo que houve um aumento significativo nas propagandas ,o que fortalece o caixa da revista !
    Tem havido uma preocupação com o lay out !
    Tudo muito cheio de ínovacoes!
    Agora lamento que o pobre do assinante ,continue sendo tratado com tecnologia da época da pedra .
    Até hoje pra eu ler cada matéria ,vou repetir ,até hoje pra eu lar uma matéria ,sempre a revista me pergunta se quero assinar ou sou assinante !
    A impressão que tenho é que todos nós assinantes devamos sofrer de síndrome de Down !
    Pois se lermos 10 reportagens ou matérias ,a revista vai nos perguntar 10 vezes se queremos fazer a assinatura ou somos assinantes !
    A revista evoluiu,mas o assinante continua sendo tratado na idade da pedra !
    Então pergunto !
    Pra que serve meu email no qual recebo a revista ?
    Se tivesse serventia o mesmo isso jamais aconteceria !
    Donde concluo que sou obrigado a dar meus pêsames à vcs e NÃO parabeniza lós !
    Agradeço pelo seu tempo !

    1. Matias Saul Zagonel
      Matias Saul Zagonel

      João Antônio Dohms! Fantásticos seus comentários! Também me sinto assim. Já fiz até mais, mandando e-mail. A revista é muito boa, as matérias, uma melhor que a outra! Mas este fluxograma está capenga!!! Perfeito seu comentário. Assino embaixo. att Matias

    2. Vanildo
      Vanildo

      Também me deparo com esse problema

    3. Gilson Galera
      Gilson Galera

      Ė isto mesmo João , a “navegabilidade” da Oeste é precária e passa uma sensação de que o assinante é irrelevante. Fico também imaginando se a Redação acompanha os comentários desde tipo para poder planejar mudanças, improvável.

    4. JESUS BATISTA ANTÔNIO
      JESUS BATISTA ANTÔNIO

      Concordo 100%. Vc está “logado” no site e é tratando como um visitante? Contrate a empresa que desenhou meu site q vai ficar 500% melhor. Horrível a plataforma….

  5. João Antônio Dohms
    João Antônio Dohms

    Quando compro algo na internet ,que não seja pelo mercado livre , me arrependo rapidinho .
    Pois os prazos deles são imbatíveis !
    Depender do ECT no Brasil é o mesmo que chamar um Uber e vir nos buscar uma carroça!
    E viva a iniciativa privada ,a qual traz uma alavancagem brutal nos negócios !

    1. Gilson Galera
      Gilson Galera

      Mercado Livre exige identificação com biometria e muit dados completos

      1. Gilson Galera
        Gilson Galera

        Muitos dados sensíveis e desnecessários para quem quer apenas comprar. Transformam o comprador num cliente bancário visando atender o objetivo de atuar como financeira. No Brasil das compras parceladas todo comerciante quer ser uma Financeira. Prefiro a Amazon que tem foco no cliente e no negócio de Compras.

  6. Francisco
    Francisco

    Esse é o Brasil que a maconha não conhece

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