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Foto: Shutterstock
Edição 139

O milagre da multiplicação das incertezas

A presente crise econômica é séria e é uma das maiores e mais graves desde o golpe republicano acontecido há 133 anos

Ubiratan Jorge Iorio

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Assim que o TSE divulgou o resultado do segundo turno da eleição, caiu uma chuva torrencial de incertezas em todo o país. Um grande aguaceiro, mais parecendo um dilúvio, que formou rapidamente um mar perigoso em que, atiçados pelos ventos da falta de transparência, da violação da liberdade de expressão, da falta de espírito público e da obtusidade econômica do grupo declarado vencedor, navegam perigosamente os barcos da dúvida e da insegurança.

Os prejuízos dessa precipitação sobre a economia são incalculáveis. Nem só de notícias econômicas vive a ação humana na economia. É preciso considerar a situação política e a confiança nas instituições. Infelizmente, o estado atual de ambas contribui para aumentar a incerteza. No plano político, multidões permanecem plantadas na frente dos quartéis desde a divulgação do resultado do segundo turno e o mundo inteiro já sabe disso, apesar do esforço da moribunda imprensa para escondê-lo ou desqualificá-lo. Quem foi declarado vencedor, em vez de tentar aplacar os ânimos, saiu-se com essa frase, que soa como provocação: “Sinceramente, essas pessoas não têm por que protestar. Essas pessoas deviam dar graças a Deus por a diferença ter sido menor do que aquilo que nós merecíamos ter de voto. E eu acho que é preciso investigar quem está financiando esses protestos, que não têm pé nem cabeça”. O resultado de pronunciamentos desse tipo, em meio à enorme tensão que o país atravessa, apenas contribui para acirrar perigosamente ânimos que já estão no limite. Você abriria o seu negócio, ou o expandiria, diante dessa brutal incerteza?

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