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Foto: Stefan Holm/Shutterstock
Edição 152

9 milhões de livros e mais um banco digital

O fechamento da Livraria Cultura abriu caminho para a rede mineira Leitura

Bruno Meyer
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A Leitura comemora. Em 2022, a maior rede de livrarias do Brasil vendeu 9,1 milhões de livros nas 99 unidades no país. Para ser exato: 9.123.927 exemplares. O número representa 31,06% de alta, na comparação com 2021, um ano em que o mercado editorial já havia crescido, por conta da pandemia. E isso sem adicionar as edições didáticas e as figurinhas da Copa do Mundo, razões que fazem a alegria do setor editorial em ano de Mundial de futebol. Em 2022, o setor todo vendeu 58,6 milhões de livros, 1,7 milhão a mais do que em 2021. Em janeiro, de acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen Book, o faturamento do setor cresceu de R$ 258 milhões para R$ 263,83 milhões.

Livraria Leitura | Foto: Divulgação

O flop das megastores 

Os resultados inéditos da Leitura são um contraste com o lamentável fim da Livraria Cultura, uma das mais sofisticadas e aquela que foi a segunda maior rede de livrarias do Brasil, atrás da Saraiva. Mas evidencia um erro estratégico e de gestão da Cultura. Anos atrás, Cultura e Saraiva, em recuperação judicial, investiram pesado numa política de expansão, com inaugurações de megastores em shoppings centers pelo país, com pagamento de aluguéis exorbitantes. Ambas não contavam com o crescimento das vendas on-line em praticamente todos os segmentos da economia produtiva, incluindo os livros. 

Quem sabe vende

A Amazon era a maior ameaça às redes físicas, e chegou a abocanhar metade das vendas dos livros no país. Com o tempo, o investimento da Saraiva e da Cultura mostrou que a expansão de lojas gigantes era insustentável. Apesar das lamúrias, justificáveis do fim da Livraria Cultura, com fotos deprimentes de prateleiras vazias na maior delas, na Avenida Paulista, o caso mostra que não há vácuo nos negócios: com sede em Belo Horizonte, a Leitura dominou o setor, sempre no azul, sem prejuízos. Vender livros, afinal, para quem sabe gerir, dá lucro. 

ícone literatura brasileira
Prateleiras praticamente vazias na unidade da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo (10/2/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

O livro impresso cresce

“O ramo do livro é muito diferente e interessante. Diferente do que as pessoas pensam, o livro impresso vende e cresce”, diz Marcus Telles, CEO da Leitura, à coluna. Telles conta que as suas livrarias ultrapassaram as vendas de 2019, antes da pandemia, e, apesar das promessas, o livro digital não avança. “Ele atingiu 6% do mercado total e não consegue passar disso”, diz. Por quê? “O livro digital é um complemento, mas as pessoas gostam mesmo do impresso.” 

Suspensão

O caso da Cultura ainda promete: dias depois de o Tribunal de Justiça de São Paulo decretar a falência, a rede de livrarias obteve, na quinta-feira 16, uma liminar que suspende o decreto de falência da empresa. 

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Nik Storonsky, CEO do banco Revolut
Nik Storonsky: o russo no Brasil | Foto: Divulgação/Revolut


Um novo banco digital: Revolut

O russo Nik Storonsky, CEO global do banco digital inglês Revolut, virá ao Brasil em maio, para participar do Web Summit, no Rio de Janeiro. Storonsky, ao lado do ucraniano Vlad Yatsenko, fundou o que é hoje considerado o banco digital mais valioso do mundo, com um valor de mercado de US$ 33 bilhões, com 18 milhões de clientes em 35 países. Para efeitos de comparação, o Nubank tem um valor US$ 10 bilhões menor que o Revolut. 

Mais barato no exterior

Glauber Mota, CEO da Revolut no Brasil
Glauber Mota: o CEO do banco digital no Brasil | Foto: Divulgação

O executivo Glauber Mota, escolhido para ser o CEO da operação brasileira do Revolut, estará junto na passagem de Storonsky pelo Brasil. Em conversa frequente com os CEOs globais, Mota diz que a visão de seus pares no mundo com o Brasil é de neutro para “positivo”. Em outras palavras: estão animados para implantar o Revolut no país. A razão: a demanda de uma parcela dos brasileiros em “dolarizar” parte do patrimônio, de viajar e comprar mais barato no exterior e por diversificar investimentos em outras moedas cresceu muito nos últimos meses. A receptividade do brasileiro com os bancos digitais é o que agrada aos fundadores do banco inglês no Brasil.

Os testes no Brasil

O Revolut acelera o passo no Brasil. Atualmente, a fintech se encontra na fase de testes, em “beta”. A próxima etapa é integrar milhares de clientes brasileiros que estão numa lista de espera, para só assim se lançar para o mercado aberto. A grande tacada do novo banco digital será o aplicativo global, com conta e cartão multimoeda, que vai possibilitar ao usuário fazer viagens internacionais com redução do oneroso IOF do país — que cobra 5,38% de compras feitas no exterior. Exemplo: o cliente que vai para os Estados Unidos ou para a Europa pode mandar automaticamente dinheiro em dólar para carteiras digitais de mesma titularidade, tendo uma cobrança reduzida de 1,1% do imposto, usando os recursos em diversas moedas, em mais de 150 países.

A feira da inovação

Criado em 2009, em Dublin, na Irlanda, o Web Summit é um megafestival de inovação e tecnologia que costuma atrair mais de 70 mil pessoas anualmente para Lisboa, em Portugal. Agora o Brasil será pela primeira vez palco do evento. O irlandês Paddy Cosgrave, CEO e cofundador do Web Summit, diz que o festival vai mostrar o que há de melhor no país e dar visibilidade internacional às empresas brasileiras. 

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Gustavo Bruno: novo comando da Pedigree e da Whiskas no Brasil | Foto: Reprodução

Troca de comando

Mudança no mundo corporativo. Gustavo Rela Bruno, depois de passar pela presidência da Campari no Brasil, anuncia nos próximos dias que vai assumir a cadeira de presidente da Mars Pet Nutrition, maior empresa de produtos pet no país, responsável por marcas como Pedigree, Whiskas, Optimum e Dreamies. “O desafio é deixar o mercado brasileiro de pets ainda mais forte e robusto”, diz o executivo. “O Brasil é o terceiro país em número de pets no mundo. Porém, o sétimo mercado. A nossa missão é equalizar isso.”

Os drinques da Itália para o Brasil

Na Campari, Bruno conseguiu aumentar a rentabilidade da empresa familiar, com sede na Itália, e popularizar bebidas populares estrangeiras no país do boteco. 

Negroni clássico | Foto: Andrei Iakhniuk/Shutterstock

Milhões de garrafas 

Sabe qual o drinque mais consumido do mundo? Negroni. Com a forte concorrência da caipirinha, o Negroni — que mistura gim, vermute e Campari — subiu na preferência do brasileiro e passou a estar entre os três mais pedidos nos últimos tempos no país. Em 2022, a Campari vendeu mais de 40 milhões de garrafas por aqui.

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Leia também “A fraude histórica da Americanas e o tempo de Glória”

2 comentários
  1. dilvo vicente tirloni
    dilvo vicente tirloni

    As livrarias terão o mesmo destino dos jornais impressos, praticamente, todos desapareceram. Há poucos anos ingressei no Kindle (já esta na 11 edição) lá estão disponibilizados 8 milhões de títulos, tudo na palma da mão e com vários recursos, um deles o dicionário. Impossível competir contra a tecnologia.

  2. Leonardo Leite
    Leonardo Leite

    Abram contas internacionais e façam investimentos em moeda estrangeira. Quem é cliente do banco inter por exemplo consegue fazer isso, há outras opções no mercado. Não esperem a cachorrada comunista transformar o Brasil em uma Venezuela e destruir seu patrimônio.

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