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Edição 51

O papelão do inventor do fachinês

Fachin fundiu o português pernóstico e o juridiquês castiço no mesmo relatório absurdo

Augusto Nunes

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Certamente não foi “mamãe” a primeira palavra pronunciada por Luiz Edson Fachin quando, ainda usando fraldas, estreou no mundo das vogais e consoantes em Rondinha, cidade gaúcha onde nasceu em 1958. Deve ter sido “genitora” (ou “rainha do lar”) a senha que reiterou a missão que lhe fora atribuída na passagem pela Terra: em vez de falar língua de gente, sempre buscaria um sinônimo mais pedante, mais erudito, menos familiar a ouvidos rústicos. Tal destino foi escancarado já na faculdade de Direito: o jovem Fachin jamais concordava com algo; ele anuía. Nem discordava de alguém; preferia discrepar. Não aconselhava ninguém; achava melhor inculcar. Tampouco criticava; apenas acoimava de vez em quando algum dos raros desafetos.

Com cada fio de cabelo estacionado em seu lugar, óculos de primeiro da classe, um semblante severo de quem faz questão de noivar antes do casamento, o advogado em começo de carreira era o professor de Direito Civil em gestação. E desde a primeira aula o catedrático pareceu estar ensaiando para fazer bonito no Supremo Tribunal Federal. Em junho de 2015, enfim ganhou de Dilma Rousseff a vaga no Timão da Toga aberta pela morte de Teori Zavascki. É provável que a escolha tenha sido influenciada pelo vídeo, gravado durante a campanha eleitoral de 2010, em que Fachin formalizou o apoio de um grupo de advogados do Paraná à candidata de Lula. É também provável que o ministro e a ex-presidente tenham uma convivência harmoniosa porque nenhum dos dois entende o que o outro está dizendo.

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