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Arame farpado enferrujado na Sibéria, Rússia | Foto: Andrei Stepanov/Shutterstock
Edição 90

O livro esquecido que expôs a psicopatia comunista

Lasca, de Vladímir Zazúbrin, tem a capacidade de ser visceral e majestoso em uma descrição pragmática e poética dos horrores soviéticos

Pedro Henrique Alves

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Uma das graças da boa literatura é que ela independe de qualquer espécie de elitismo, acaso glamoroso ou tendências de ocasiões. Livros dubitáveis, do nada, acabam cooptando os corações, estéticas improváveis conquistam as almas mais longínquas e desatentas. Foi o que ocorreu comigo, por exemplo, ao ler A Festa de Babette, da dinamarquesa Karen Blixen; obra improvável e nada convidativa, comprada em uma feira literária muito mais por compulsão do que por interesse.

Mas hoje não será essa a obra a ser resenhada — ainda que eu pense em fazê-lo mais adiante. Bom, se A Festa de Babette me encantou por sua descrição sucinta, ao mesmo tempo que profunda — adjetivos que, por obviedade, não costumam andar juntos —, Lasca, de Vladímir Zazúbrin, deixou-me enojado com a sua absurda capacidade de ser visceral e majestoso em uma descrição pragmática e poética dos horrores soviéticos — seguem outros adjetivos costumeiramente incongregáveis.

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