O uso do opioide fentanil tem levado à morte cerca de 300 pessoas por dia nos Estados Unidos. Os dados foram obtidos em estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), segundo informou o Jornal da USP.
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Em 2023, já ocorreram mais de 100 mil mortes por overdose, principalmente por uso indevido de opioides, nos Estados Unidos. O fentanil é o mais utilizado.
O fentanil já foi apreendido, em março de 2023, em território brasileiro. Em agosto, por exemplo, muitos frascos de citrato de fentanil foram apreendidos em um laboratório do tráfico de drogas em Vitória (ES).
A chegada do fentanil ao país causou preocupação em autoridades sanitárias, que já não conseguem solucionar graves problemas gerados pelo vício e tráfico de drogas. No entanto, ainda não foi registrado uso excessivo desta substância no Brasil.
Este opioide é 50 vezes mais potente do que a heroína, outra substância derivada do ópio e causadora de alta dependência – e cem vezes mais forte que a morfina – um medicamento de alto poder analgésico.
Seu objetivo inicial é de utilização principalmente para tratamento da dor moderada a intensa. Os opioides são uma classe de drogas derivadas ou que imitam substâncias naturais no ópio extraído da planta papoula.
Os opioides atuam no cérebro para produzir uma variedade de efeitos, incluindo o alívio da dor. Têm em geral efeitos semelhantes aos da morfina.
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No caso do fentanil, o fármaco também é receitado, juntamente com outros medicamentos, para induzir e manter os efeitos da anestesia em procedimentos cirúrgicos, endoscópicos e dentários, além de em unidades de terapias intensivas.
Excesso de prescrições contribuiu para onda de dependentes
A onda atual é uma consequência de outra iniciada nos anos 1990, conforme contou ao Jornal da USP o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Mauricio Yonamine.
Na ocasião, outro opioide, a oxicodona, semissintético, foi introduzido por um laboratório que implementou uma agressiva política de marketing. Resultado: houve um número exagerado de prescrições, que contribuiu de forma decisiva para que muitas pessoas ficassem dependentes.
A segunda fase veio das restrições impostas à venda de opioides, que gerou um aumento intenso de usuários de heroína. Em seguida, novamente esses produtos, sintéticos, voltaram ao mercado, dando origem a uma onda de dependentes do fentanil, a partir de 2010.
Segundo Yonamine, a situação norte-americana é alarmante. Ele considera que certamente houve falhas na fiscalização das prescrições de opioides e no monitoramento da incidência de efeitos adversos pela população.