Lançando seu primeiro livro de ficção, “Tanto por Fazer — O testamento de um serial killer”, o psiquiatra e colaborador de Oeste dá uma aula sobre zeitgeist
Em live realizada nesta quinta-feira pela É Realizações, Theodore Dalrympe, pseudônimo do psiquiatra e escritor britânico Anthony Daniels, apresentou seu primeiro livro de ficção, “Tanto por Fazer — O testamento de um serial killer” ao público brasileiro, com a ajuda do tradutor da obra, Marcelo Consentino.
O livro é a biografia de um assassino chamado Graham Underwood, que matou 22 pessoas. “Ele tenta convencer o público de que o que fez é moral”, explicou Dalrympe. Para isso, racionaliza todos os seus atos ao extremo e faz com que as mortes pareçam a melhor alternativa aos olhos dos leitores.
“O personagem se acha um filantropo, generoso por limpar o mundo de gente ruim”, emenda Consentino.
Assim, em alguns momentos, Underwood faz com que quem lê ache que aliviou as dores das pessoas assassinadas; ou preveniu que mais mal acontecesse a elas; ou ainda convence o público de que ao matar as vítimas, aumentou a felicidade do mundo. “Em um certo momento, ele chama os leitores de hipócritas, por se preocuparem com as 22 pessoas que matou, mas não com os mortos na Guerra do Congo, que tirou a vida de milhões de pessoas”, ilustra o autor. “Ele vira os argumentos contra o leitor”.
Quando questionado sobre sua inspiração para escrever o livro, Dalrympe disse que só precisou olhar em volta. “As pessoas estão alienadas das próprias experiências, das próprias reflexões, da própria vida por racionalizar teorias”, destacou o psiquiatra. “Vemos tudo através delas e colocamos uma barreira em nossas almas e em nossas experiências. Graham Underwood é um resumo absurdo desse modo de pensar e ser”.
Por fim, o psiquiatra provocou: “Há pessoas que querem ser mecanismos e não humanos, por isso usam termos técnicos para tudo”, disse. “Ninguém mais fica infeliz ou triste. Todo mundo está deprimido”.