Batizado de Gy Sabonete Antisséptico, produto idealizado pela doutora em engenharia química Fernanda Checchinato está disponível no mercado brasileiro
Na crise, crie. Para Fernanda Checchinato, doutora em engenharia química pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com estudo em laboratório francês, tal afirmação foi além de ser mera frase de efeito. A cientista e empreendedora está à frente da Aya Tech, empresa do ramo de higiene e cosméticos. Na ativa desde 2010, ela acaba de lançar um produto que promete proteção de seis horas contra o novo coronavírus: um sabonete.
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Batizado de Gy Sabonete Antisséptico, o produto já tem a chancela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está disponível no mercado brasileiro desde 13 de julho. Em entrevista a Oeste, a doutora em engenharia química vai além de falar sobre a fórmula por trás do sabonete. Ela detalha, por exemplo, o que foi feito para tirar a ideia do papel e o valor investido na produção do sabonete anti-covid-19. A empresa criada por Fernanda conta com uma equipe enxuta, formada só por mulheres, e já lançou outros produtos no mercado, como o spray antisséptico para as mãos sem álcool.
Confira a íntegra da entrevista com Fernanda Checchinato, da Aya Tech:
Projeto inicial
Qual foi o investimento para que a Aya Tech conseguisse lançar o sabonete que promete proteger contra o novo coronavírus?
A Aya Tech investiu no sabonete cerca de R$ 200 mil, entre reagentes, análises, matérias-primas e equipe. Contamos com recursos próprios, nunca tivemos aporte de capital de bancos ou outras empresas. Por isso, nosso crescimento é lento e orgânico. Dependemos do faturamento dos produtos em linha para investir na criação de mais produtos.
Atualmente, qual a estrutura da empresa?
Somos uma startup composta apenas por mulheres. Éramos em duas, mas durante a pandemia ampliamos esse quadro para quatro, que estão em dedicação exclusiva à Aya Tech.
Como se deu a formulação do projeto do sabonete anti-covid-19?
Todas as pesquisas na Aya Tech são feitas e dirigidas por mim. Pela urgência especificamente desse projeto, contratamos laboratórios e uma química para agilizar os experimentos e ensaios. Devido à covid-19, o projeto tinha extrema urgência, pois, desde sua concepção, a ideia era o produto estar pronto ao mercado [o quanto antes]. Para isso, foram quatro meses de trabalho intenso.
“Busco sempre utilizar ingredientes naturais que possuam propriedades relevantes para a saúde e agridam menos a natureza”
Trabalho de pesquisadora
O sabonete anti-covid-19 é produzido a base de clorexidina e “óleo essencial de menta e de melaleuca”. Como a sua equipe chegou a esses materiais?
Como pesquisadora, busco sempre utilizar ingredientes naturais que possuam propriedades relevantes para a saúde e agridam menos a natureza. O óleo de melaleuca [árvore comum na Austrália] é especialmente conhecido por suas propriedades anti-fúngicas, cicatrizantes e anti-bacterianas.
A Aya Tech já desenvolveu outro produto nessa linha ?
A ideia da concepção do sabonete foi seguir a mesma formulação que já tínhamos desenvolvido no spray antisséptico para as mãos sem álcool, que está no mercado desde março. Iniciei as pesquisas em um antisséptico para as mãos sem álcool em julho de 2019, produto que foi desenvolvido focando na utilização por pessoas que têm pele sensível e fina, como idosos e crianças.
Assim, trabalhei na formulação do antisséptico para as mãos sem álcool, o Gy Spray, cuja autorização na Anvisa saiu no fim de fevereiro de 2020, coincidindo com o início da pandemia da covid 19 no Brasil.
Testes
A equipe de comunicação da Aya Tech afirma que o produto já foi “dermatologicamente testado”. Como foram realizados esses testes?
O teste dermatológico, bem como os demais realizados em todos os produtos idealizados e fabricados pela Aya Tech, são realizados em laboratórios credenciados pela Anvisa, que homologa as metodologias de ensaio e reconhece os laudos para quesito de se pleitear registros de produtos.
Com a aprovação dos laudos pela Anvisa, a marcação “dermatologicamente testado” pode constar no rótulo. Dessa forma, o nosso sabonete é “dermatologicamente testado” e hipoalergênico. Ou seja: contém em sua formulação ingredientes que minimizam o risco de se obter alergias. E o teste garante a segurança, pois não se constatou alergias ou problemas de pele causados pelo seu uso contínuo.
Algum órgão já atestou a eficácia do sabonete contra a covid-19?
A respeito de testes sobre covid-19, ressalto que, por ter sido descoberto recentemente, até agora nenhuma marca ou produto foi testado especificamente contra esse vírus. Não existem laboratórios de testes no Brasil para se testar produtos cosméticos ou saneantes em relação à covid-19.
Apesar disso, organizações globais de saúde vêm recomendando o uso de desinfetantes de uso geral e antissépticos para as mãos como uma medida eficaz para combater o vírus. A Anvisa, por exemplo, compartilhou recentemente um comunicado com o público, ressaltando a importância de usar apenas produtos desinfetantes regularizados por ela para ajudar na prevenção da contaminação pelo novo coronavírus. Na lista, está um de nossos produtos: o Microbac.
No mercado
Como é feita a comercialização do sabonete?
O produto foi lançado há duas semanas e já está à disposição de todas as pessoas interessadas em utilizá-lo. As vendas são feitas pelos lojistas parceiros, como lojas de bebê, farmácias, lojas de pesca, lojas de esportes, perfumarias e clínicas médicas.
Qual o valor médio para venda de cada unidade do sabonete?
Não tabelamos o preço final. Vendemos a todos os lojistas exatamente pelo mesmo valor. Dessa forma, cabe ao consumidor final fazer uma pesquisa e comprar onde lhe for mais interessante, ou onde o preço estiver mais atraente. O sabonete também pode ser comprado via market places, como Americanas e Amazon.