Por J. R. Guzzo
Publicado na Gazeta do Povo em 10/8/2020
O Partido Funerário Brasileiro, criado junto com a covid-19, está jogando neste momento todas as fichas que tem e que não tem numa ofensiva maciça para ganhar uma causa que, a esta altura, não parece mais com cara de que ainda pode ser ganha. O PFB, que nos quatro ou cinco meses de epidemia mandou como ninguém neste país, é uma confederação que junta, para resumir as coisas, todo mundo que de uma forma ou outra tem horror ao governo federal; todos aí acham que ou o Brasil acaba com ele, como teve de acabar com a saúva, ou ele acaba com o Brasil. Em sua tumultuada coleção de pensamentos, acreditaram — e querem continuar acreditando — que colocar o país trancado “em casa” era uma chance caída do céu para se livrarem de Jair Bolsonaro e suas obras. O problema é que a covid está deixando de colaborar. Em vez de ficar cada vez pior, parece ter estacionado. O resultado é que a “quarentena” como o PFB exige — total, irrestrita e sem data para acabar — está sendo reduzida pelas autoridades. Não pode. Qualquer passo no rumo de uma vida mais normal tem de ser combatido com a fé de uma cruzada tamanho XXXXXG.
Os principais militantes dessa ideologia de cemitério estão na mídia e, de modo geral, naquilo que é descrito como “campo progressista”. A ofensiva do momento é para fazer com que o “distanciamento social” volte a ser o que era. É complicado. A grande vitória do PFB foi a decisão do STF que deu às “autoridades locais” a exclusividade no combate à covid-19. Em poucos dias, livres da intervenção do governo central e com poderes de ditadura, pararam o Brasil; foram aplaudidas como heróis da pátria. Mas de umas semanas para cá elas vêm permitindo uma retomada gradual das atividades humanas, pela aparente estabilidade no número de vítimas. E agora? Não dá para jogar a culpa no presidente da República, pois quem está acabando com a “quarentena” são os grandes patriotas de anteontem. Dá para acusar o homem de “genocídio”, por não usar máscara em público etc. etc. etc. Mas para voltar ao confinamento será preciso combinar com 27 governadores e 5.500 prefeitos. Não está dando, porque eles não querem continuar nessa vida.
A esperança do pró-covid-19 é que as mortes aumentem de forma dramática — mas, como esse fator não pode ser controlado, a saída está sendo dobrar a aposta no pânico. A mensagem é: “Fique em casa, mais do que nunca — se não você vai morrer ou matar a sua família”. Como já não se pode mais contar com os governadores e prefeitos, a arma mais utilizada pelo partido tem sido esses médicos promovidos a Prêmio Nobel de Medicina por jornalistas que não sabem o que é um melhoral. Sua principal especialidade clínica, em geral, é dar entrevistas à televisão; todos têm uma fé sem limites na força do vírus. A última realização do PFB foi um apavorante pacote de declarações do seu doutor mais “raiz”. Em seu manifesto à nação, ele afirmou que é um ato de demência afrouxar o “distanciamento social”. As escolas têm de continuar fechadas — a começar pelas que educam os 50 milhões de crianças e adolescentes da rede pública de ensino. O trabalho fora de casa não pode ser permitido. Andar na rua sem máscara é um comportamento equivalente à prática de crime. Mesmo quando for descoberta uma vacina, a quarentena precisará ser mantida, pois essa vacina não vai adiantar nada — e, de qualquer jeito, levaria anos até a ciência ter certeza de sua eficácia.
Soou como um manifesto desesperado — depois que o Brasil passou o número mágico das 100.000 mortes e o público em geral não se mostrou mais afetado pelo clima de medo do que já estava, o PFB parece resolvido a tudo.
Como sempre perfeito. Os “jornalistas” do PFB morrem de inveja do brilhantismo do GUZZO.
Os fundadores do PFB não leem esse tipo de matéria. Preferem a mídia esquerdopata, para incutir nas camadas menos esclarecidas o terror e o pânico.
Espetacular!!! Agora vou adotar como referência o PFB. Quem será o líder do partido?kkk
Verdade nua e crua.
Perfeito, Guzzo! Como sempre.
Verdade. Grande Guzzo. Parabéns!!!