Pelas estimativas da Companhia Nacional de Alimentos (Conab), a colheita da soja de 2024 será de 317 milhões de toneladas. Caso o resultado se confirme, será o segundo ano seguido de recorde de produção do grão.
A soja é o carro-chefe do agronegócio brasileiro. Atualmente, o país é o maior produtor desse grão no planeta. A cultura se desenvolveu principalmente na Região Centro-Oeste do Brasil — onde o solo não é considerado o mais fértil.
Soja no Centro-Oeste
Na safra de 2024, a região deve colher 76,5 milhões de toneladas de soja, segundo a Conab. Ou seja: mais da metade da safra nacional.
O plantio na região se tornou possível em razão do desenvolvimento tecnológico conquistado graças à parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os produtores rurais. Essa união transformou o Centro-Oeste do Brasil — onde predomina o bioma cerrado — em um dos grandes responsáveis pela segurança alimentar da humanidade.
A jornada fez do Brasil referência em agricultura tropical para o planeta. O know-how construído pela Embrapa é outro produto do agronegócio brasileiro que pode ser exportado para outros países. O cerrado, por exemplo, é um bioma semelhante à savana africana.
Uma revolução de verdade nos cerrados
Em entrevista concedida à Revista Oeste, Rodrigo Justus, consultor jurídico e de meio ambiente da Coordenação de Sustentabilidade da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), afirmou que os solos dos cerrados precisam ser adaptados para se tornar produtivos. De acordo com o especialista, eles são ácidos e pobres em nutrientes.
Justus explicou que o cultivo nessas áreas não seria possível sem que fosse realizada a correção da terra. Além de técnicas como o plantio direto no solo e a manutenção da palhada — restos das plantas — deixada depois da colheita e a adubação, Justus cita o desenvolvimento de novas sementes e variações de plantas.
“O cerrado não valia nada, porque dava, no máximo, um gado solto, criado de forma extensiva”, lembra. “Hoje, são plantadas ali duas safras por ano.”