Um dos grandes motores da inovação é a escassez — e no agro não é diferente. Comemorando 60 anos de existência neste ano, a Nutella prova que um problema pode ser uma grande oportunidade.
A Nutella é fabricada pela Ferrero, uma empresa que começou como uma pequena doceria em Alba, na Itália, em 1946. O produto que conhecemos hoje surgiu da Pasta Gianduja — uma receita desenvolvida por Pietro Ferrero, fundador da companhia.
De acordo com Giovanni Ferrero, presidente-executivo da Ferrero e neto de Pietro, a fórmula surgiu para contornar a elevação dos custos. Os preços subiram com o aumento do valor do cacau depois da Segunda Guerra Mundial — a principal matéria-prima dos chocolates.
Nutella, cacau e avelã
Na época, o chocolate ficou tão caro que ninguém conseguia comprá-lo na Itália, segundo o executivo. “A nossa visão era: ‘Como podemos fazer uma nova receita com menos cacau e o alto valor nutricional das avelãs?’”, disse Giovanni ao falar da fórmula criada pelo avô.
Em 1964, coube a Pietro Ferrero Jr., pai de Giovanni, transformar a Pasta Gianduja na marca Nutella. A receita atual leva 13% de avelãs e 7,4% de cacau, além de outros componentes como leite e derivados de soja.
O produto é vendido hoje em cerca de 170 países. A empresa se tornou global, com fábricas em 37 nações — e o Brasil está entre elas. Em 2023, a companhia faturou R$ 91 bilhões.
“O que é fascinante numa família empreendedora é que, 20 anos depois, o seu filho, o meu pai, entrou e disse: ‘Podemos ir mais longe; existem novas tecnologias, existem novas formas de integrar esta receita vencedora”, comentou Giovanni. “E ele apareceu com a Nutella, que nasceu no mesmo ano que eu nasci, 1964.”