A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) voltou a se posicionar contra a realização do leilão para importar 300 mil toneladas de arroz. Contra a compra internacional, a entidade reforçou, nesta semana, números da safra recentemente colhida.
A partir de dados fornecidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Federarroz ressaltou que o país colheu 10,39 milhões de toneladas do grão no ciclo 2023-2024. Volume que a federação destaca: representa aumento de 3,6% na comparação com a temporada anterior. Em 2022-2023, o Brasil havia colhido 10,03 mil de toneladas de arroz.
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“Temos arroz nacional para alimentar todos os brasileiros”, afirma a Federarroz, em postagem divulgada em seu perfil oficial no Instagram nesta quinta-feira, 27. “Não existe motivo para importar arroz. Temos arroz de alta qualidade para suprir o mercado nacional.”
Essa não foi, contudo, a primeira postagem recente da entidade contra a ideia de o governo federal realizar, por meio da Conab, leilão para importar o grão. No início desta semana, a federação apresentou ideias de como o dinheiro para o certame — no caso, R$ 7,2 bilhões — poderia ajudar diretamente os gaúchos. Eles sofreram pelas fortes chuvas e inundações ocorridas no Rio Grande do Sul em maio.
Conforme a Federarroz, R$ 3,3 bilhões poderiam ser usados para reconstruir estradas. Além disso, R$ 1,7 bilhão deveria ser utilizado para fomentar a agropecuária local.
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Governo Lula insiste em leilão para importar arroz
O posicionamento da Federarroz não foi capaz, ao menos por ora, de mudar os planos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avisou que o Poder Executivo se prepara para lançar um novo edital para comprar 300 mil toneladas de arroz.
O primeiro leilão, a saber, não deu certo. O governo se viu obrigado a anular a disputa em meio a denúncias de irregularidades. Com a polêmica, Fávaro demitiu Neri Geller do cargo de secretário de Política Agrícola.
Além disso, o diretor de operações da Conab, Thiago José dos Santos, um dos responsáveis pelo leilão, vai deixar o cargo. De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a dispensa vai se dar justamente pela confusão na compra de arroz do exterior.
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