Os herdeiros de André Maggi, que morreu em 2001, estão disputando seu patrimônio bilionário. O Rei da Soja, como também era conhecido, foi um dos homens mais bem-sucedidos do agronegócio brasileiro.
Em 1955, Maggi criou uma empresa de processamento de grãos em São Miguel do Iguaçu, no interior do Paraná. Logo ampliou a atuação para Mato Grosso e depois se tornou um dos maiores produtores de soja do país.
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Depois, os negócios do Rei da Soja se tornaram um dos maiores conglomerados de empresas do agronegócio mundial. Além do Brasil, o grupo atua na China, em Singapura, na Argentina, no Paraguai, na Holanda, na Noruega e na Suíça.
A rotina dos herdeiros de Maggi seguia praticamente a mesma havia 22 anos, até que, no mês passado, a filha que André Maggi teve fora do casamento fez uma importante descoberta: o Rei da Soja morreu de Mal de Parkinson.
“Lúcia Maggi, os filhos e os genros assumiram os negócios”, diz uma reportagem da CNN, publicada neste domingo, 16. “Hoje, todos estão na lista de bilionários da Forbes, cada um com patrimônio médio superior a R$ 6 bilhões.” O patrimônio inclui a Agropecuária Maggi e a Sementes Maggi, que são alvo de disputa entre os herdeiros.
No dia da morte do Rei da Soja, a filha Carina, na época com 20 anos de idade, passou a ser reconhecida pelos irmãos. Ainda no velório, a jovem foi orientada a fazer o teste de DNA. Posteriormente, adotou o sobrenome Maggi.
Nascida em 1981, Carina sabia desde criança que é filha do “Rei da Soja”. Seus avós maternos trabalhavam numa fazenda do empresário do agronegócio. Maggi lhe pagava uma pensão informal e também custeava suas despesas escolares. Reconhecida, a jovem foi chamada pelos irmãos para a partilha dos bens.
Ela concordou com os termos oferecidos e recebeu R$ 1,9 milhão na época. Com correção inflacionária, é o equivalente a R$ 10,6 milhões atualmente. Carina seguiu a vida, e, ao lado do marido e dos filhos, também atua no ramo da soja.
Disputa entre os herdeiros do “Rei da Soja” é fruto de suspeita de falsificação de assinaturas
Porém, recentemente, Carina teve de tratar de negócios ligados ao pai. Em razão disso, teve acesso a documentos da empresa dele. No material, consta que o “Rei da Soja” deixou para a esposa as cotas que tinha nas duas principais empresas do grupo. Dessa forma, essa parte da herança não entrou na partilha de bens entre os filhos.
Carina acredita que os documentos são falsificados. O laudo de uma perita especializada em análise documental e grafotécnica sugere que as assinaturas dos documentos são diferentes da assinatura de documentos mais antigos.
Há também duas assinaturas feitas num curto intervalo de tempo: a primeira é “tremida, por conta do Parkinson”, e a outra “perfeita”, assinada poucos dias depois.
“Será que ele foi curado nesse meio tempo?”, perguntou o advogado que atua em prol de Carina, Isaias Diniz. Ele trabalha ao lado de Josmeyr de Oliveira.
“No patrimônio dessas empresas estavam as maiores fazendas, as camionetes, os caminhões, as máquinas agrícolas que custam milhões de reais, tudo de alto valor”, diz ainda Isaias. “Uma aparente manobra para não entrar na distribuição entre os herdeiros.”
Quando o recesso Judiciário acabar, os advogados de Carina pretendem entrar com ação na Justiça de Mato Grosso. O objetivo é pedir a anulação dessas transferências de cotas das empresas.