Aquele seria só mais um belo rosto entre muitos outros na final do concurso de Miss Universo Brasil não tivesse sido um detalhe. Ao lhe perguntarem sobre questões ambientais, Bárbara Reis, de 26 anos, representante de Mato Grosso, aproveitou a oportunidade para elogiar a produção agrícola e a preservação do meio ambiente no Estado.
“Que oportunidade incrível de falar sobre o meu Estado”, disse. “Vejo muita gente falando sobre Mato Grosso de forma distorcida. Temos belezas exuberantes, somos ricos em diversos aspectos. Somos os maiores produtores de soja, milho, algodão e de bovinos. Além disso, somos exemplo de preservação. Temos 60% de toda nossa área preservada. Mato Grosso é isso: um exemplo de empregabilidade e respeito à natureza.”
Ela terminou o concurso em segundo lugar. Na internet, contudo, ganhou o título de Miss Agro.
Natural de Novo Repartimento, no Pará, Bárbara deixou para trás a terra Natal e os abusos sexuais que sofreu do pai e ainda criança seguiu com a mãe para Mato Grosso. Assim como muitos desbravadores que ajudaram a desenvolver o Estado, ela encontrou ali o caminho para uma vida feliz. Em Sinop, onde mora até hoje, criou um projeto social para ensinar como se combate o abuso sexual dentro de casa.
Confira os principais momentos da entrevista.
1 — Por que você decidiu defender o agronegócio no Miss Universo Brasil?
O agronegócio é o que nos mantém vivos. Graças a esse setor temos comida, roupas, materiais de limpeza e muitos outros produtos que tornam nosso dia a dia mais fácil. Ainda assim, os produtores rurais recebem pedradas diariamente por falta de conhecimento. Existe muita informação distorcida sobre o assunto. E o meu Estado do coração, assim como o Brasil, vive do agro. Não tive dúvidas sobre o que dizer quando me pediram para falar de meio ambiente. Foi uma oportunidade de contar a verdade para milhões de brasileiros.
2 — Que distorções são essas?
Quando comecei a entrar nesse mundo de desfiles e modelos, uma pessoa me disse que Mato Grosso era um lugar onde gente chegava, cortava um monte de árvores, ganhava milhões e ia embora. Essa é uma grande mentira. Esse tipo de distorção tem de acabar. A maior parte das pessoas que mudaram para Mato Grosso foi para ficar, construir uma vida. E o que permitiu isso foi o agronegócio. A riqueza gerada pela agricultura e a pecuária ficou no Estado, que hoje é o maior produtor de soja, milho e algodão do país, além de ter o maior rebanho bovino. Tudo isso aconteceu e ainda 60% da natureza local foi preservada.
3 — Como essa fala repercutiu nas suas redes sociais?
Recebi muitos ataques de gente que não quer conversar sobre a importância do agronegócio, mas procuro não ligar para isso. Tem algumas que nem vejo porque são apenas ofensas. Porém, muito mais gente me procurou para fazer elogios. É surpreendente o quanto o público que gosta do agro é acolhedor e generoso. Em Sinop, no interior de Mato Grosso, tudo gira em torno do agronegócio. Renasci nessa cidade. Quando comecei a trabalhar como modelo, deparei-me com muita gente desse mundo de passarela e artístico falando do meu Estado do coração com uma visão distorcida, diferente do que eu via.
4 — Como era a vida antes de Sinop?
As lembranças não são nada boas. Com oito anos de idade, comecei a ser abusada sexualmente por meu pai. Depois de oito anos vivendo assim, quando comecei a ganhar forma de mulher, contei para minha mãe o que estava acontecendo. Denunciamos ele para a polícia, porém, isso não o impediu de vender nossa casa e fugir com todo o dinheiro. Ficamos com uma mão na frente e outra atrás e tivemos que ir embora. Dessa história toda surgiu o meu projeto social: Descomplicando Educação Sexual Infantil (Desi). O foco do Desi é orientar as famílias sobre os sinais que uma criança que passou por abusos apresenta e como lidar com isso. Temos profissionais de saúde que participam dando o suporte para quem nos procura e uso a minha história como exemplo.
5 — Quais são esses sinais?
Na época dos abusos, eu estava o tempo todo assustada. Parecia que o responsável por aquilo sempre estava por perto. Além disso, ficava constantemente com as mãos na frente das partes íntimas, como se tentasse me proteger. Também tive um distúrbio que não me deixava segurar a urina. Então, minha experiência mostra que as crianças que sofrem abusos se tornam muito fechadas, demonstram sinais de aflição e tentam se proteger demais. Outra coisa são desenhos tristes, muito escuros. Hoje em dia as crianças são bastante erotizadas e muitas vezes isso acontece, sem querer, pelas mãos das próprias famílias. Um exemplo disso são aqueles vídeos na internet, com crianças rebolando, feitos por pais que acham isso engraçado. Essas gravações são um ímã para pedófilos. Criança tem de viver como criança. Música com teor sexual não deve ser parte da rotina dela e, menos ainda, servir de trilha sonora para gravações nas redes sociais.
Caro Artur, transmita à Bárbara meus parabéns por sua coragem e determinação, transformando um abuso de que foi vítima em ajuda para outras famílias. Adicionalmente parabéns por divulgar a verdade sobre o Agro. Somos todos AGRO.
Porque um abusador de crianças não pode ser condenado a 40 anos de prisão? e, principalmente se for o pai?
Linda, inteligente e realmente uma vencedora! Deus abençoe muito essa moça maravilhosa e que seu trabalho prospere cada vez mais!
Parabéns, Bárbara Reis pelas excelentes respostas. Fantástico!!! Parabéns à Revista Oeste pela entrevista. Sábia essa Mulher. O Brasil e o mundo precisam conhecer e entender o que é o agro brasileiro. Tem gente que sequer conhece um pé de soja, milho ou algodão e um boi/vaca e fica falando asneiras. Gostei muito da forma como essa moça coloca suas respostas. Deveria te sido a escolhida.
Uau…!
Como dizem os franceses : CHAPEAU !
“É de tirar o chapéu para fazer a reverência”
Parabéns pelas respostas.