“Os abates bovinos são da ordem de 35 milhões a 40 milhões de cabeças por ano”, explica Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial e colunista de Oeste, no início de um vídeo que começou a circular nas redes sociais. “Todos os cascos desses bois são levados para a indústria de colágeno. O sebo vai para a produção de biodiesel — cerca de 20% do biodiesel produzido no país vem do sebo do boi. Todas as vísceras e ossos têm uma logística própria com exigência de higiene de sanidade e são transformadas em alimentação para gado, para cães, para pet.”
Evaristo explica que praticamente nada dos bovinos abatidos vira lixo. Tudo é retrabalhado. A pele vai para os curtumes, para a indústria de calçados, e o sangue, depois de liofilizado, é usado nas rações premium. “E tem também a carne, né? Afinal, é por isso que matamos os bois”, brinca Evaristo. “Isso tudo não chamamos de reciclagem. Usamos o termo upcycling, porque gera novos empregos, novas atividades, beneficiando mais pessoas.”
A reportagem “A pecuária dá uma aula contra o desperdício”, publicada na Edição 26 de Oeste, mostrou que, com 99% de aproveitamento, a pecuária brasileira é referência mundial em reciclagem animal e produtividade. São gorduras, restos de carne, penas, sangue, escamas, cascos e chifres que, transportados em menos de 24 horas para as indústrias responsáveis, resultam em farinhas para ração, fertilizantes, adubos e gorduras que geram biodiesel, sabão, tintas, cosméticos, pneus, suplementos e muito mais.
São sempre boas as notícias sobre reciclagem eficiente e programada. Nosso país tem muito potencial e material para reciclar, mas parecemos não dar conta de tanto lixo e sucata. Uma vez, visitando as águas do Pantanal matogrossense me assustei ao ver, sucateado dentro dos rios, vasilhames plásticos e de alumínio.
Não sou vegetariano, mas gostaria que chegássemos a produzir tanto sabor, proteína e prazer gastronômico de forma artificial. Tenho lido sobre uma empresa americana que já produz hambúrgueres com sabor, cheiro e textura de carne bovina sem abater um animal sequer e usando ingredientes vegetais, a Impossible Foods.
Para uma espécie que tem fisiologia semelhante a dos Gorilas, que são herbívoros, fazer reciclagem dos restos mortais de animais de abate parece algo ate razoável já que eles foram mortos. O Brasil já tem 14% de sua população de veganos/vegetarianos. Bom sinal.