Nos primeiros meses de 2025, a aviação geral no Brasil, que inclui aeronaves privadas, táxi-aéreo, helicópteros, voos executivos e agrícolas, exceto aviação comercial e militar, registrou 32 acidentes até esta sexta-feira, 28. Desses, sete ocorreram durante o pouso, cinco no cruzeiro e oito na decolagem do avião.
Problemas no pouso também são frequentes na aviação internacional. Nesta semana, foi durante essa fase que quase aconteceu uma colisão entre dois aviões nos Estados Unidos. Uma aeronave da Southwest Airlines arremeteu na aterrissagem no Aeroporto Midway, em Chicago, para evitar bater em outro avião que estava na pista.
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— AEROIN (@aero_in) February 25, 2025
Boeing 737 da Southwest Airlines arremete no Aeroporto Midway em Chicago após jatinho Bombardier Challenger cruzar a pista durante o pouso
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O painel Sipaer, da Força Aérea Brasileira (FAB), fornece dados detalhados sobre as ocorrências aéreas no Brasil desde 2015. Nesse período, foram registradas 8,32 mil, classificadas como acidente, incidente grave ou incidente.
O critério aeronáutico considera sete fases do voo: decolagem, subida, cruzeiro, aproximação final, pouso, corrida depois do pouso e taxiamento. A maioria das ocorrências foi durante o pouso do avião (1,69 mil), seguido por 1,48 mil no cruzeiro (durante a viagem) e 1,48 mil na decolagem.
Na sequência, aparecem aproximação, subida, corrida depois do pouso e taxiamento, nessa ordem.
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Aroldo Soares, fundador e chefe da divisão de produtos do Sistema de Ensino Espaço Aéreo, explicou ao portal iG que as causas dos incidentes são diversas. “As mais comuns envolvem falhas ou mau funcionamento do motor, perda de controle em voo, excursão de pista e falhas em operações de baixa altitude”, afirma. “Porém, o essencial é analisar a totalidade dos acidentes”.
Ao analisar as três fases com maior número de ocorrências (pouso, cruzeiro e decolagem), observa-se que a maioria resultou em incidentes. Em média, pouco mais de 70% dos casos terminaram em incidentes — ou seja, sete a cada dez. No caso das 1,69 mil ocorrências durante o pouso, 1,25 mil foram incidentes, 187 incidentes graves e 248 acidentes.
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Nos registros durante o cruzeiro, aproximadamente 70% também terminaram em incidentes — 1,09 mil incidentes de um total de 1,48 ocorrências. Já nas decolagens, 1,08 mil das 1,48 mil ocorrências foram incidentes.
Nas fases de aproximação final e subida, a média de incidentes é superior a 80%. Quanto à corrida depois do pouso, a estatística é diferente em comparação com outras fases do voo: foram 508 ocorrências entre 2015 e 2025, das quais mais de 50% incidentes e 128 incidentes graves (aproximadamente 25%).
Acidentes gerais de avião diminuíram proporcionalmente
O painel da FAB também documenta os acidentes em geral, que envolvem desde o embarque até o desembarque, ou até a parada total em caso de aeronaves não tripuladas, com consequências graves, como morte, lesão significativa, falha estrutural importante ou desaparecimento da aeronave. Houve uma ocorrência desse tipo em 2015, duas em 2016, uma em 2017, duas em 2018, duas em 2019, uma em 2020, uma em 2022 e duas em 2024.
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“Apesar de um pequeno aumento em 2024, os acidentes no setor comercial são bem menos frequentes, e a maior parte ocorre na aviação geral, que envolve diferentes tipos de aeronaves, como aviões privados e helicópteros”, explica Soares. “Esses números demonstram a necessidade urgente de aprimorar o treinamento de pilotos, especialmente na aviação geral, que tem menos supervisão em comparação com a aviação comercial”.
Embora 2024 tenha registrado aumento de acidentes, Soares observa que, proporcionalmente, os índices de acidentes têm diminuído. “O volume de acidentes em 2024, embora elevado, não é tão alarmante quanto a percepção pública sugere”, diz ele.
Comparando com 2015, quando ocorreram 172 acidentes — com um número menor de aeronaves em operação no Brasil —, a taxa de acidentes tem diminuído, diz o especialista. “Principalmente se considerarmos as horas de voo e a frota atual.”
No caso da arremetida no Aeroporto Midway, em Chicago, a tripulação conseguiu evitar uma tragédia ao seguir os procedimentos de segurança para evitar uma colisão com um jato privado que cruzava a pista.
O incidente aconteceu em um contexto de crescente preocupação sobre a segurança no controle do tráfego aéreo nos Estados Unidos, depois de uma série de incidentes recentes, incluindo um acidente fatal em Washington, em janeiro, e quase colisões nas cidades de Austin, Syracuse e Nashville.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) investigou um desses eventos e concluiu que um erro do controlador de tráfego aéreo foi a causa.