No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de pessoas com Alzheimer — a maior parte sem diagnóstico —, segundo dados do Ministério da Saúde.
Novos exames de sangue, mais baratos que os recursos atuais, surgem como alternativa para auxiliar os médicos na confirmação do diagnóstico da doença, nos casos em que há dúvidas.
Neste mês, a FDA (agência de saúde dos EUA) aprovou um teste para estimar os níveis de placas amiloides (fragmentos de proteínas tóxicas para os neurônios) que se acumulam, em grandes quantidades, no cérebro de quem tem a doença. O exame é comercializado pela empresa Fujirebio.
No Brasil, a Dasa acaba de lançar um produto semelhante. O exame procura identificar dois tipos da proteína beta-amiloide (a 40 e a 42), considerada um biomarcador da doença. Um dos principais atrativos é evitar a realização da punção lombar para coleta do liquor, procedimento necessário na minoria dos casos. Além de ser menos invasivo, o exame de sangue custa cerca de R$ 1,5 mil, um terço dos métodos de confirmação de diagnóstico disponíveis atualmente.
Apesar da corrida pela detecção precoce da doença, os médicos alertam que o diagnóstico do Alzheimer é complexo e continua a ser majoritariamente clínico.
“Em cerca de 80% dos casos, o diagnóstico é feito a partir de um exame físico completo, da análise do histórico do paciente, de exames de sangue para descartar outros problemas e da avaliação neuropsicológica”, disse o neurologista Ivan Okamoto ao jornal Estado de S.Paulo.
Ainda segundo o especialista, não faz sentido correr aos laboratórios em busca dos exames na tentativa de descobrir características da doença uma ou duas décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Isso porque nem todo exame positivo significa que a pessoa terá a doença.
A doença
O Alzheimer é provocado pelo acúmulo da substância amiloide resultante do metabolismo. Produzimos essa substância diariamente e, durante o sono, ela é eliminada pelo sistema glinfático (formado pela glia, o conjunto de células responsáveis pelo suporte e nutrição dos neurônios, entre outras funções).
“Como essa limpeza é feita durante o sono, os estudos sugerem que o risco de Alzheimer é mais elevado em pessoas que dormem pouco ou mal”, disse o neurologista Álvaro Pentagna.
Como prevenção da doença, os médicos recomendam as medidas clássicas (sono de qualidade, exercício físico, alimentação saudável, atividade intelectual prazerosa, etc).
“O acúmulo da substância amiloide acontece com todos nós ao longo da vida. Pessoas idosas podem apresentar graus elevados dela, mesmo sem ter a doença”, afirmou. “Apesar das altas concentrações da substância, o cérebro de alguns indivíduos pode não ser impactado”. Daí a importância de não basear o diagnóstico apenas na detecção das placas.
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