O estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, divulgado nesta quarta-feira, 11, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Mãe Crioula, revela que o número de cidades da Amazônia com presença de facções criminosas cresceu 46% entre 2023 e 2024.
A pesquisa revela que, de um total de 772 municípios que integram a Amazônia Legal, 260 registram a atuação de ao menos uma facção, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), além de grupos regionais. Em 2023, o levantamento havia identificado 178 cidades sob influência desses grupos.
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O aumento no número de registros pode ser resultado de uma intensificação nas operações policiais contra o crime organizado. Essas ações tornaram mais visível a existência de facções em localidades que, anteriormente, não apareciam no mapeamento.
O estudo revela uma tendência de interiorização das facções em áreas da Amazônia
A distribuição das cidades com presença criminosa está organizada da seguinte forma: 73 no Pará, 48 no Maranhão, 42 em Mato Grosso, 26 em Rondônia, 22 no Acre, 21 no Amazonas, 14 em Roraima, nove no Tocantins e cinco no Amapá.
O estudo revela uma tendência de interiorização das facções. Elas buscam cidades estrategicamente localizadas para o narcotráfico, como áreas próximas a fronteiras, pistas de pouso na floresta, rodovias, portos fluviais e garimpos ilegais.
Entre 2023 e 2024, também cresceu o número de municípios com a presença exclusiva de uma facção. Esse cenário sugere uma estabilização nos conflitos entre grupos criminosos. No ano passado, 98 cidades estavam sob o monopólio de uma organização. Esse número subiu para 176 em 2024. Esse processo contribuiu para uma redução no total de facções catalogadas, que passou de 22 para 19.
O Comando Vermelho lidera em quantidade de municípios dominados, com 130 sob seu controle. O PCC está presente em 28, enquanto as demais organizações se distribuem entre 18 cidades. O CV concentra sua atuação em regiões de fronteira. Municípios no Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima, por exemplo, fazem divisa com países como Bolívia, Peru e Colômbia, o que favorece o tráfico internacional.