A Amazônia já registrou mais queimadas em 2024 do que em todo o ano de 2023, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Até a quarta-feira 25, foram detectados 102.993 focos de calor no bioma, superando os 98.646 incidentes de 2023.
Seguindo a tendência histórica, setembro de 2024 já é o mês com mais queimadas no ano. Até quinta-feira, foram contabilizados 39.804 focos de calor, ultrapassando a média histórica, de 32,2 mil para o mês.
O recorde histórico ocorreu em 2004, com 218.637 incidentes. O monitoramento das queimadas pelo Inpe começou em junho de 1998.
Entre janeiro e agosto deste ano, o número de queimadas foi de 63.189, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2023, que contabilizou 31.489 incidentes.
Historicamente, a expectativa é que o fogo diminua em outubro, já que o mês costuma registrar metade das queimadas de setembro. O fim do verão amazônico, com o aumento das chuvas, contribui significativamente para a redução dos incêndios no bioma.
El Niño pode ter influenciado queimadas
O Monitor de Secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificou, em agosto, que 3.978 municípios brasileiros enfrentavam algum grau de seca. O Brasil possui 5.570 cidades.
De acordo com especialistas, a seca pode estar relacionada à atuação do El Niño em 2023 e nos primeiros meses de 2024, fenômeno que reduz as precipitações no Norte e Nordeste do Brasil.
“O El Niño que é um fenômeno climático que naturalmente faz com que o período seco seja mais severo do que o normal (…), em 2023, foi um El Niño severo”, explicou a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, ao portal Metrópoles.
Insuficiência do governo Lula
No entanto, a seca extrema não explica sozinha o aumento das queimadas. A ministra Marina Silva reconheceu que as ações governamentais para conter o fogo na Amazônia foram insuficientes.
“Estamos descobrindo agora é que (o planejado) não foi suficiente”, afirmou a ministra, na segunda-feira 23. “E ter essa clareza e essa responsabilidade de não querer mascarar a realidade ou minimizar a realidade faz parte de uma postura republicana.”
Marina Silva também é considerada a “culpada” pela crise das queimadas dentro da base governista. Integrantes do PT no Congresso têm criticado a atuação da ministra, destacando seu perfil mais simbólico do que executivo. Fontes ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo afirmam que a ministra tem se mostrado inoperante e que deveria ser mais prática nas ações.
Nas palavras de um parlamentar, Marina Silva deveria ser mais “executiva” e menos “acadêmica” sobre as queimadas. Outro deputado afirma que suas entrevistas são confusas e pouco efetivas. Um terceiro menciona que ela possui grandes ideias, mas carece de habilidades operacionais.
Parlamentares também dizem que o Congresso é amplamente contrário às pautas ambientalistas, das quais Marina Silva é uma das principais defensoras. A proposta de criação de uma autoridade climática, subordinada ao Meio Ambiente, tem gerado conflitos tanto no Congresso quanto dentro do próprio governo.
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