O antropólogo e escritor Flávio Gordon, colunista da Revista Oeste, lançou um novo livro. Trata-se de Ideologias de Massa e Suas Metamorfoses, que analisa os debates ideológicos da atualidade. A obra se aprofunda em temas como o globalismo, o comunismo, o eurasianismo e as demais ideologias totalitárias.
O livro consiste numa reunião de artigos publicados entre 2018 e 2022, no jornal Gazeta do Povo. Os textos são agrupados em seis partes temáticas: a primeira delas aborda o processo de formação da opinião pública. O objetivo é decifrar o enigma de como as opiniões, os valores e os gostos de uma casta de intelectuais numericamente minoritária se traveste da opinião pública média. A segunda parte versa sobre as religiões políticas e seu confronto com o cristianismo. A terceira parte trata do nazismo e da polêmica em torno de sua classificação no espectro ideológico. A quarta parte analisa a ilusão do fim do comunismo e de como essa ideologia se metamorfoseou para sobreviver. A quinta parte aborda a evolução e a filosofia do assim chamado globalismo — usualmente tratado como “teoria da conspiração” por palpiteiros midiáticos que nunca estudaram o assunto, segundo Gordon. A sexta parte descreve a simbiose histórica e a síntese contemporânea entre o globalismo e o comunismo.
Em entrevista a Oeste, Gordon ressaltou a importância de Ideologias de Massa e Suas Metamorfoses e explicou sua relação com A Corrupção da Inteligência, seu primeiro livro.
Por que a publicação de Ideologias de Massa e Suas Metamorfoses é importante?
Vivemos um momento em que, no nível internacional, os projetos de enfraquecimento das soberanias nacionais se tornam mais ostensivos, acelerando a transferência de poderes representativos locais para um corpo de burocratas não eleitos abrigados em organizações internacionais infensas à fiscalização. E em que, no nível brasileiro, um partido socialista, aproveitando-se do apodrecimento total das instituições da República, retoma o poder e avança com mais voracidade o seu projeto totalitário. Nesse contexto, convém compreender o processo pelo qual sementes ideológicas plantadas décadas ou séculos atrás resultaram na vegetação política hostil que invade os espaços mal cultivados da civilização contemporânea.
O tema relacionado à corrupção da inteligência também fez parte de seu primeiro livro. Há alguma relação entre as obras?
Não há uma relação temática, uma vez que A Corrupção da Inteligência investiga as raízes culturais do lulopetismo, enquanto Ideologias de Massa e Suas Metamorfoses lida menos diretamente com assuntos nacionais. Mas, sem dúvida, há em ambas obras o mesmo problema de fundo, qual seja o da transição entre as esferas da cultura e da política. Como escrevo na introdução, a pretensão do autor continua sendo a de buscar o permanente por baixo do contingente e desenvolver a sensibilidade, para pressentir o desenlace dos fatos políticos quando são ainda meras virtualidades na mente dos homens de letras. Desde que a li pela primeira vez, jamais esqueci a lição de Viktor Frankl: “Não foram apenas alguns ministérios de Berlim que inventaram as câmaras de gás de Majdanek, Auschwitz, Treblinka: elas foram preparadas nos escritórios e salas de aula de cientistas e filósofos niilistas, entre os quais se contavam e contam alguns pensadores anglo-saxônicos laureados com o Prêmio Nobel”.
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