Total de queimadas registrado pelo Inpe no Brasil entre 1º de janeiro e 3 de setembro deste ano, cerca de 94.000, é o mesmo de 2019
Evaristo de Miranda
Passou o mês de agosto, tradicionalmente recordista em número de queimadas (por ser o mais seco do ano). E o total de queimadas registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no Brasil entre 1º de janeiro e 3 de setembro deste ano, cerca de 94.000, é o mesmo do ano passado. A variação é de 0%.
No país, não houve aumento nas queimadas com relação ao ano passado, ao contrário da Argentina, cujo crescimento foi de 185%, e do Paraguai, que registrou 90% a mais que em 2019, segundo os dados do satélite de referência da Nasa (Aqua M-T), totalizados pelo Inpe.
Quando verificamos separadamente os biomas brasileiros, as situações são bem variadas. Na Amazônia, houve diminuição de 7% das queimadas em 2020 (45.065) em relação ao mesmo período do ano passado (48.722). Na caatinga, observou-se uma redução significativa, de 24%, e, no cerrado, de 10%. Na mata atlântica, não houve variação para mais ou para menos. Os números de 2020 e 2019 são comparáveis. Só ocorreu aumento na pampa, de 42%, e, sobretudo, no Pantanal, de 228%, dadas as condições climáticas infelizmente favoráveis à propagação do fogo.
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Apesar do ruído atual sobre a situação ambiental da Amazônia, não houve aumento de queimadas no Brasil em 2020 em relação a 2019. Nem no total no país nem no do bioma Amazônia.
Enquanto isso, as queimadas no mundo continuam seguindo o padrão, com concentrações de mais de 70% do total dos focos de fogo mundiais localizados na África, como mostra a imagem dos satélites da Nasa de sexta-feira 4 de setembro. Nem por isso a África é objeto de campanha internacional para salvar as florestas tropicais do Congo e Zaire, por exemplo.
Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Territorial, é doutor em ecologia
Bela reportagem.