O delegado André Santos Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), apresentou a Oeste dados sobre a “epidemia de insegurança” que, segundo ele, o Brasil vive no momento.
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Ele assumiu o cargo em 19 de fevereiro último. Entidade fundada em 1949, a ADPESP é a maior e mais representativa da categoria em nível estadual. O maior objetivo de André Santos na gestão é implementar um Plano Estadual de Segurança Pública. Para ele, este é o instrumento mais eficaz de combate à tal epidemia.
“O Brasil vive uma epidemia de insegurança”, afirma o delegado. “É possível vencermos esta epidemia partindo de um planejamento geral prévio (Plano Estadual de Segurança Pública), com um diagnóstico preciso dos problemas, o que possibilitará aplicar medidas eficazes.”
Tal onda de insegurança se espalhou em vários setores. Segundo dados do último Anuário de Segurança Pública, de 2023, houve aumento substancial de roubo e furto de celular.
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Foram 999.223 ocorrências em todo o país em 2023. Em média, 2.737 aparelhos foram subtraídos diariamente no Brasil. Isso representa um crescimento de 16,6% em relação a roubos e furtos de celular registrados em 2021.
Já o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostra que o número de estupros e assassinatos de mulheres cresceu no primeiro semestre de 2023.
Comparado com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 2,6% nos homicídios e de 14,9% nos casos de estupro, o que inclui estupro de vulnerável.
No cenário nacional, comparando-se os dados do primeiro semestre de 2023 com os do mesmo período de 2022, o Mapa da Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública constatou um aumento de 18,8% na quantidade de vítimas de lesão corporal seguida de morte.
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Já o os estelionatos em meio eletrônico chegaram a um total de 200.322 ocorrências em 2022, um aumento de 65,2% em relação a 2021, ano no qual tal crime foi tipificado.
Os dados disponíveis sobre o estelionato em meio eletrônico não incluem os Estados da Bahia (BA), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Sul (RS) e São Paulo (SP), que não informaram a quantidade de registros.
Necessidade de integração da Segurança Pública
Para André Santos é fundamental que os Estados e o governo federal estejam afinados no propósito de reduzir esses índices alarmantes.
“A segurança pública em nível de governo federal é bem distinta da realizada no âmbito dos Estados”, observa André Santos. “No âmbito federal é necessário haver um viés voltado à integração da Segurança Pública entre os Estados, para que próprios governos estaduais conversem entre si.”
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O presidente da ADPESP, porém, acredita que não existe possibilidade de integração nacional sem uma distribuição de recursos para os Estados.
“Esses recursos precisam estar pautados em critérios objetivos para a destinação aos Estados, e não em critérios políticos, como em muitas vezes isso pode ocorrer e influenciar.”
O que tem contribuído para o excesso de crimes, segundo ele, tem sido os diferentes interesses políticos.
“Precisamos separar o que é narrativa política relacionada à segurança pública, da efetividade de uma política bem-sucedida na prática, seja ela no âmbito federal ou no estadual”, avalia o delegado.
“Isso tem que ficar muito claro. Se nós nos pautarmos pela técnica, e não pela narrativa, acredito que caminharemos bem para resolver essas diferenças.”